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22/02/2012

ANDARILHO COLOCA FOGO EM "COLEGAS"

Acusado, que usou gasolina, foi preso e disse que queria se vingar de agressões sofridas; uma das vítimas morreu
LUCAS SIMÕES
falesuper@supernoticia.com.br
 

Marcas do fogo ainda estavam no local do crime

   Mais uma vez a praça Iron Marra, no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, foi palco de violência envolvendo moradores de rua. Em uma tentativa planejada de vingança, um andarilho de 22 anos ateou fogo em outros dois colegas depois de um desentendimento entre os três homens na noite de anteontem.
Maicon Almeida de Souza foi preso em flagrante e disse à polícia que "tinha que matar para vingar o que eles fizeram comigo", se referindo a uma suposta agressão e tentativa de homicídio que sofreu dos colegas.
As duas vítimas foram socorridas por uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhadas para o Pronto-Socorro do Hospital João XXIII. Segundo a assessoria de comunicação do hospital, Varlei dos Santos Cabral, de 43 anos, sofreu queimaduras graves de terceiro grau e teve 80% do corpo queimado. Ele morreu no início da noite de ontem.
A outra vítima é William Alves Ribeiro, de 31 anos, que teve 15% do corpo atingido, principalmente nas costas, mas seu estado de saúde era estável.

Segundo um taxista que presenciou a cena, Maicon Souza aproveitou enquanto as vítimas dormiam, por volta das 22h30, para atear fogo nos colegas usando uma garrafa de gasolina e uma caixa de fósforos. "Ajudei a socorrer um deles e a apagar o fogo que pegou nas cobertas e alastrou-se pelo corpo dele, depois vi o andarilho fugindo", disse Camilo Espinelli Filho, de 57 anos, que trabalha em um ponto de táxi em frente à praça.

 Vingança
O suspeito do crime foi preso pouco depois de colocar fogo nos colegas, próximo ao 49º Batalhão de Polícia Militar, após testemunhas acionarem a polícia. Souza foi encaminhado para a 1ª Delegacia de Plantão de Venda Nova e confessou que planejou matar os homens devido a uma agressão que teria sofrido dos moradores de rua dias antes do crime.
"Ele disse que iria matar mesmo, que esse era o único jeito de resolver as pendências com os outros andarilhos", contou o soldado Fábio Pinto, do 49º Batalhão da PM.
A praça, que está em situação precária, é habitada há pelo menos três anos pelos andarilhos - que sofreram uma tentativa de homicídio no ano passado ao serem envenenados com chumbinho.

Três anos no local

Lixo, guimbas de cigarro, pedaços de papelão, um fogão improvisado com tijolos e restos de comida espalhada pelo chão mostram um cenário de abandono e degradação da praça Iron Marra.
Segundo os moradores, há quase três anos os andarilhos ocuparam o local, impedindo que a praça seja usada pela população da região como um lugar de lazer. "Eles causam confusão conosco e os moradores não podem usar o espaço para se divertirem", comentou um comerciante que trabalha ao lado da praça. (LS)


MINIENTREVISTA

"NÃO TIVEMOS CARNAVAL POR CAUSA DESSA SITUAÇÃO"

MARCELO RAMOS FERREIRA, 50 ANOS COMERCIANTE E MORADOR DO BAIRRO

Há quanto tempo os andarilhos ocuparam a praça do Santa Amélia?
Há mais de três anos que eles se estabeleceram aqui. Eles fazem comida, dormem e passam o dia todo na praça. O problema é que um espaço de lazer da comunidade ficou prejudicado por causa deles. Este ano mesmo não tivemos o tradicional Carnaval que sempre é feito aqui por causa da ocupação dos moradores de rua.

Os moradores do bairro têm algum problema com os andarilhos que ficam na praça?Eles nunca causaram nenhum confusão nem mexeram com a gente. Sempre acontecem brigas e desentendimentos entre eles mesmos na praça, mas nada violento que afete a gente. A prefeitura faz uma limpeza da praça regularmente, recolhem as coisas deles, mas não os tiram daqui.



Presença de mendigos e a sujeira afastaram os moradores da praça do bairro
Cachaça com chumbinho para 8

Em maio do ano passado, oito moradores de rua, sete homens e uma mulher, foram intoxicados com chumbinho, na praça Iron Marra, no bairro Santa Amélia. Na época, a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso e confirmou que um suspeito havia oferecido cachaça com o veneno para os moradores que estavam no local. Segundo o delegado Felipe Cordeiro, o acusado da tentativa de homicídio tomou a atitude intencionalmente por ter desavenças com alguns andarilhos e por se sentir incomodado com a presença deles na praça. "O suspeito e o morador de rua já tinham se desentendido seis meses antes, por causa de pequenos furtos cometidos por eles na região", explicou. O andarilho Adalton César de Oliveira, de 32 anos, tomou o veneno e passou 22 dias em coma no Hospital João XXIII. Ele mora na praça até hoje e presenciou a tentativa de homicídio contra dois colegas anteontem. "Eles tiveram os problemas deles lá, mas isso não é certo. Nós moramos na rua, mas não precisamos ser mal tratados nem viver o tempo todo com medo de alguma ameaça de morte, isso não é humano", disse. (LS)

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