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25/04/2013

Atualizado em 25/04/2013 18h49 Mãe de ladrão baleado nos Jardins diz que tiro foi dado por policial


Suspeito foi atingido após abordagem na Al. Santos, em SP, na quarta (24).
PM diz não haver elementos que liguem policiais ao caso.

Kleber TomazDo G1 São Paulo













A mãe de um jovem que tentou roubar um pedestre nos Jardins, área nobre de São Paulo, e depois foi baleado por um desconhecido dentro de um carro, acusa policiais de terem atirado no seu filho e fugido.


O crime ocorreu na tarde de quarta-feira (24) na esquina das alamedas Santos e Campinas, na região central. A PM informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "até o momento não há elementos que liguem policiais ao ocorrido". A delegada responsável por tentar identificar o atirador disse nesta manhã que procurava suspeitos, mas não investigava policiais



Imagens de câmeras de segurança gravaram o momento em que Leonildo Sousa de Araújo, de 19 anos, caiu ao ser atingido. Não é possível identificar quem fez o disparo. Ferido, o rapaz foi preso em seguida pela Polícia Militar e acabou indiciado por tentativa de assalto e lesão corporal. Ele usava uma arma de brinquedo.
De acordo com a investigação, o assaltante queria tomar o telefone celular e o relógio de um analista de sistemas de 45 anos, que reagiu e brigou com o assaltante. Atualmente, o criminoso está internado no Hospital das Clínicas (HC), onde se recupera do ferimento. O homem agredido pelo bandido foi medicado e liberado.


Em entrevista na tarde desta quinta-feira (25) ao G1, a ajudante geral Maria do Socorro Alves de Sousa, de 39 anos, afirmou que pode ajudar o 78º Distrito Policial, onde o caso foi registrado, a esclarecer a autoria de quem atirou no seu filho.

Ela disse ter recebido um telefonema anônimo e também ouvido de PMs que vigiam o detido no quarto da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que foram policiais que atiraram em Leonildo. De acordo com a assessoria de imprensa do HC, o estado de saúde do paciente é estável.

Crime na Alameda Santos (Foto: Arte/G1)

“Primeiro foi a ligação após ele ter sido baleado. Um homem sem se identificar falou que policial militar atirou no meu filho. Depois, foi nesta manhã. Os PMs que estão vigiando o quarto onde meu filho está internado me falaram: ‘a polícia atirou porque ele correu’”, relatou Maria de Sousa, que admite o crime cometido pelo jovem, mas critica a maneira como o detiveram. “Foi um vacilo dele, cabeça fraca, mas isso não justifica terem atirado nele e ainda fugirem”.
Questionada pela manhã se policiais, civis ou militares, eram investigados como suspeitos de terem atirado no assaltante, a delegada titular do 78º DP, Victória Lobo Guimarães, afirmou que não havia nenhum indício disso e nenhum policial era investigado.
“O que posso dizer é que estamos investigando o caso para saber quem atirou, mas ainda não temos suspeitos”, disse a delegada, que não deu detalhes da investigação. A equipe de reportagem não conseguiu localizar a delegada nesta tarde.
Investigadores deverão procurar mais imagens de câmeras de segurança para tentar identificar a placa do veículo de onde teria partido o tiro que feriu Leonildo. Procurada, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que iria se posicionar ainda nesta tarde.
Indagada por que não procurou a Polícia Civil para relatar a suspeita de que PMs teriam atirado no seu filho, Maria de Sousa, afirmou que os policiais militares que vigiam Leonildo no HC lhe teriam dito para não fazer isso.


“Estou destroçada. Não sei mais o que fazer. Meu filho está inconsciente, corre risco de ficar paralítico. A bala passou perto da coluna dele. Acho que vou procurar um advogado agora para ir comigo na delegacia e contar isso que ouvi : que foram PMs que atiraram nele. Foi policial que atirou no meu filho”.

A mãe disse acreditar nessa possibilidade. “No passado, quando ele era adolescente, a polícia invadiu minha casa, acusando meu filho de tráfico de drogas. Mas nunca conseguiram provar nada. Devem ter ficado na bronca com ele”, disse a ajudante, que morava sozinha com o filho. “O pai dele foi ausente e morreu de cirrose hepática.”
Leonildo trabalhava como estoquista numa farmácia em Osasco, na Grande São Paulo, segundo sua mãe. “Ele mentiu para mim. Foi ao dentista, arrancou um dente, pegou um atestado de saúde para faltar no trabalho e falou que iria ao shopping. Isso é culpa das más companhias. Ele não é disso, de roubar. Deve ter sido influenciado por alguém”.
Vítima do assalto

Procurada, a vítima da tentativa de assalto aceitou conversar sob a condição de não ter seu nome divulgado. Casado e com filhos, ele mora a menos de um quilômetro do local onde foi abordado pelo assaltante. “Foi surreal. Estava saindo de um café, atendi um telefonema e quando falava veio esse rapaz exigindo o celular e o meu relógio. Não vi que ele estava armado e reagi. Fiz uma burrada e me atraquei com ele. Levei soco mas dei soco também. Estou bem machucado”, contou.
Segundo o analista de sistemas, após brigarem, o criminoso saiu correndo sem levar nada. “Eu então me levantei com a ajuda do segurança do café e procurei um policial militar perto, que me atendeu muito bem. Contei para ele o que ocorreu e nem vi mais o moleque. Depois fomos informados por testemunhas que um carro escuro passou e atirou no assaltante. Não sei quem foi. Nem vi quem atirou. Nem vi quando ele foi baleado”, disse a vítima, que depois reconheceu o rapaz que tentou roubá-lo. “Só confirmou que era ele. Agora estou com medo de sair na rua. Não sei com quem estou mexendo”.


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