Middiam Kelly acompanha o terceiro julgamento do caso Eliza Samudio.
Ex-policial é acusado de homicídio e ocultação de cadáver.

Middiam Kelly, filha do réu Marcos Aparecido dos
Santos (Foto: Maurício Vieira/ G1)
Santos (Foto: Maurício Vieira/ G1)
“Ele é inocente. Ele fala isso com a gente sempre. Está muito abatido
com isso, mas confiante de que a verdade vai aparecer”, disse Middiam
Kelly, filha do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, de apelido
Bola. Ela acompanha, nesta terça-feira (23), o julgamento no Fórum de
Contagem, onde o pai responde pelo assassinato de Eliza Samudio,
ex-amante do goleiro Bruno, e pela ocultação de cadáver.
(A partir de segunda, dia 22, acompanhe no G1 a cobertura completa do julgamento do caso Eliza Samudio, com equipe de jornalistas trazendo as últimas informações, em tempo real, de dentro e de fora do Fórum de Contagem, em Minas Gerais. Conheça os réus, entenda o júri popular, relembre os momentos marcantes e acesse reportagens, fotos e infográfico sobre o crime envolvendo o goleiro Bruno.)
Ela disse que a família estava presente em casa no mês de junho de 2010 e que ninguém testemunhou nada de anormal. “Se Eliza Samudio foi assassinada dentro dos cômodos da nossa casa, como que nós não vimos nada? [Como] que a minha família não presenciou isso?”, disse.
A certidão de óbito foi emitida em 24 de janeiro deste ano, por
determinação da Justiça. Segundo o documento, a jovem foi morta por
esganadura em 10 de junho de 2010, na Rua Araruama, na cidade. O
endereço é o da casa do réu Marcos Aparecido dos Santos.
“Não aconteceu nada de anormal. Dentro do mês de junho, não teve momento nenhum em que a gente estivesse fora de casa. A testemunha maior do meu pai somos nós, a minha família”, afirmou a filha de Bola nesta terça-feira (23).
Ela desqualificou o depoimento de Jaílson Oliveira, detento que afirmou em juízo ter ouvido a confissão de Bola sobre a morte de Eliza. “Falar, até papagaio fala. Esse moço não tem tanta credibilidade assim”, disse. Segundo a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), no período de julho de 2010 a fevereiro de 2011, Jaílson Alves de Oliveira esteve preso no mesmo pavilhão de Marcos Aparecido dos Santos, na Penitenciária Nelson Hungria.
Ainda segundo ela, o pai é uma pessoa “muito emotiva” e está sofrendo com a acusação e com o julgamento. “Ele abraçou a gente e disse que ama muito a família”, falou sobre o choro dele na noite do primeiro dia de júri. Também afirmou que Bola sempre foi uma pessoa “querida” e acabou sendo “apresentado em uma sombra preta para a imprensa”. Perguntada sobre a profissão do pai, após deixar a polícia, a filha preferiu não responder.
O ex-policial ainda responde pelo desaparecimento, tortura e morte de duas pessoas, em Esmeraldas (MG), em 2008, e pelo assassinato de um homem em 2009, em Belo Horizonte. Em novembro de 2012, ele foi absolvido, da acusação de ter assassinado um carcereiro no ano 2000, em Contagem.
“Não aconteceu nada de anormal. Dentro do mês de junho, não teve momento nenhum em que a gente estivesse fora de casa. A testemunha maior do meu pai somos nós, a minha família”, afirmou a filha de Bola nesta terça-feira (23).
Ela desqualificou o depoimento de Jaílson Oliveira, detento que afirmou em juízo ter ouvido a confissão de Bola sobre a morte de Eliza. “Falar, até papagaio fala. Esse moço não tem tanta credibilidade assim”, disse. Segundo a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), no período de julho de 2010 a fevereiro de 2011, Jaílson Alves de Oliveira esteve preso no mesmo pavilhão de Marcos Aparecido dos Santos, na Penitenciária Nelson Hungria.
Ainda segundo ela, o pai é uma pessoa “muito emotiva” e está sofrendo com a acusação e com o julgamento. “Ele abraçou a gente e disse que ama muito a família”, falou sobre o choro dele na noite do primeiro dia de júri. Também afirmou que Bola sempre foi uma pessoa “querida” e acabou sendo “apresentado em uma sombra preta para a imprensa”. Perguntada sobre a profissão do pai, após deixar a polícia, a filha preferiu não responder.
O ex-policial ainda responde pelo desaparecimento, tortura e morte de duas pessoas, em Esmeraldas (MG), em 2008, e pelo assassinato de um homem em 2009, em Belo Horizonte. Em novembro de 2012, ele foi absolvido, da acusação de ter assassinado um carcereiro no ano 2000, em Contagem.
Depoimento de Jaílson
O presidiário Jaílson Alves de Oliveira, que é testemunha de acusação no Caso Eliza Samudio, disse, nesta terça-feira (23), em depoimento no Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que sofre ameaças “quase todos os dias”. A resposta foi dada depois de ser questionado pelo promotor de Justiça Henry Wagner sobre ameaças dentro da penitenciária. Os problemas acontecem, segundo Oliveira, desde que depôs contra o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza Samudio e ocultar o cadáver dela.
O presidiário Jaílson Alves de Oliveira, que é testemunha de acusação no Caso Eliza Samudio, disse, nesta terça-feira (23), em depoimento no Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que sofre ameaças “quase todos os dias”. A resposta foi dada depois de ser questionado pelo promotor de Justiça Henry Wagner sobre ameaças dentro da penitenciária. Os problemas acontecem, segundo Oliveira, desde que depôs contra o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza Samudio e ocultar o cadáver dela.
Oliveira disse que a mulher dele foi agredida por pessoas que ele não
sabe dizer quem são, mas que teriam pedido que ele voltasse atrás no
depoimento. "Eu fui ameaçado por policiais e minha esposa jogada no chão
para que me retratasse", disse. Segundo ele, a retratação seria sobre
as declarações que deu sobre Bola e outros detentos.
Os nomes de dois policiais que, segundo o Ministério Público têm
envolvimento na morte de Eliza e que não foram denunciados, foram
mencionados pelo detento. Segundo Jaílson, ele foi ameaçado por “Gilson”
e “Zezé”, em julho de 2012. O local da ameaça, segundo a testemunha,
foi o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Belo
Horizonte. Ao "Fantástico", em 3 de março deste ano, Zezé não quis
comentar denúncia de ligação com réus do caso Eliza. Na mesma data,
Gilson negou envolvimento em crimes contra a ex-amante de Bruno.
Oliveira confirmou a autoria de cartas anexadas ao processo. Uma delas é de janeiro de 2013. Nela, segundo leitura do promotor, Oliveira disse ser ameaçado por detentos e policiais por ter denunciado Bola. A testemunha chegou ao fórum por volta das 8h45 e o depoimento começou às 9h30 e foi encerrado minutos antes das 14h.
Oliveira confirmou a autoria de cartas anexadas ao processo. Uma delas é de janeiro de 2013. Nela, segundo leitura do promotor, Oliveira disse ser ameaçado por detentos e policiais por ter denunciado Bola. A testemunha chegou ao fórum por volta das 8h45 e o depoimento começou às 9h30 e foi encerrado minutos antes das 14h.
Confirma depoimentos anteriores
Antes de começar a ser questionado pelo advogado de Bola, a testemunha
acompanhou de forma atenta a leitura de quatro depoimentos dados à
polícia e à Justiça em datas anteriores.
Oliveira confirmou o teor de todos os documentos lidos. Em um deles, mencionado pelo promotor Henry Wagner, Oliveira afirmou que Bola disse que Eliza foi queimada em pneus. As cinzas do corpo, segundo a testemunha, foram jogadas em uma lagoa.
Oliveira confirmou o teor de todos os documentos lidos. Em um deles, mencionado pelo promotor Henry Wagner, Oliveira afirmou que Bola disse que Eliza foi queimada em pneus. As cinzas do corpo, segundo a testemunha, foram jogadas em uma lagoa.
O detento disse, em depoimento no dia 20 de novembro de 2012, durante o
segundo júri do caso, que ouviu "várias vezes" Bola dizer que jogou "as
cinzas de Eliza às águas". Ele disse ainda que, ao perguntar o que Bola
faria se o corpo da vítima fosse encontrado, o réu respondeu "só se os
peixes falarem". Em depoimento prestado à polícia, lido na íntegra
durante aquela sessão, Oliveira falou ter ouvido a confissão de Bola
sobre o crime. Essas declarações foram relembradas em plenário e
sustentadas pela testemunha que repetiu a expressão "só se os peixes
falarem" para se referir à dificuldade em localizar o corpo de Eliza.
Primeiro dia
A juíza Marixa Fabiane Lopes encerrou a sessão desta segunda-feira (22)
por volta das 22h30 no primeiro dia de julgamento do ex-policial Marcos
Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar e ocultar o cadáver de
Eliza Samudio – ex-amante do goleiro Bruno Fernandes
– após o depoimento da Delegada Ana Maria Santos. A policial falou no
Fórum de Contagem por cerca de seis horas como informante a pedido da
defesa. Ela participou das investigações do caso na época do inquérito
policial.
Ana Maria afirmou que Jorge Luiz Rosa – primo do goleiro Bruno
Fernandes, e adolescente na época do crime – disse em um dos depoimentos
que o executor de Eliza seria branco, "patolinha", com falhas nos
dentes e responderia pelo apelido de Neném. Segundo a delegada, por
medo, Jorge deu outra descrição do executor de Eliza quando ouvido no
Rio de Janeiro, dizendo que era pessoa "alta e negra". "Ele disse que o
fizera porque estava com medo", relatou a delegada. O medo, conforme
ela, era do executor de Eliza.
Segundo a delegada, os olhos do primo de Bruno ficavam lacrimejando
durante o depoimento. "Não raras vezes, conteve o choro ao falar do
momento da execução", disse. Ela ainda afirmou que Jorge estava
tranquilo e lúcido no depoimento. "Eu reafirmo, ele [Jorge] me
transmitiu muita credibilidade, ele foi bastante detalhista”. Jorge foi
ouvido pela primeira vez no Rio de Janeiro e depois em Contagem, ambas
na época em que o crime foi descoberto e começou a ser investigado. O
primo de Bruno foi o primeiro a falar que Eliza Samudio estava morta.

O réu Marcos Aparecido dos Santos no plenário do
Fórum de Contagem (Foto: Maurício Vieira / G1)
Fórum de Contagem (Foto: Maurício Vieira / G1)
O depoimento da policial também foi marcado por questionamentos de um
dos advogados de Bola, Ércio Quaresma, sobre a investigação policial e o
trabalho da Polícia Civil. Como o não indiciamento do policial civil
aposentado José Lauriano de Assis Filho, também conhecido como Zezé, e
investigado pelo Ministério Público por participação no crime. Ana Maria
afirmou que os elementos não eram suficientes para indiciar Zezé. "Isso
aqui foi fraude, nós vamos provar", diz o advogado segurando o
relatório do inquérito.
Vários objetos apreendidos durante a investigação foram expostos no
plenário: algo parecido com um tapete, um travesseiro, facas, embalagens
de produtos de higiene infantil, cheques e cartões em nome de Luiz
Henrique Romão. Havia também notebooks e um envelope fechado onde estava
escrito a palavra "cabelo". Até mesmo uma arma foi mostrada. Segundo o
assistente de acusação, José Arteiro, a arma e outros objetos mostrados
durante o júri ficam guardados no cartório e foram expostos a pedido da
defesa.
A sessão desta segunda-feira (22) durou cerca de 13 horas. Os trabalhos
começaram durante a manhã, onde foram ouvidas as preliminares da defesa
de Marcos Aparecido dos Santos e da Promotoria. Após um intervalo para
almoço, o Conselho de Sentença foi definido: quatro homens e três
mulheres julgarão o ex-policial pelos crimes de assassinato e ocultação
de cadáver de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes – já
condenado pelos crimes.
Antes disso, a juíza Marixa Fabiane indeferiu pedidos da defesa para
desconsiderar a certidão de óbito de Eliza Samudio e de adiamento do
julgamento pela ausência de duas testemunhas: a delegada Alessandra
Wilke e de Jorge Luiz Rosa, primo de Bruno.
Os três filhos e a mulher de Bola acompanharam a sessão no Tribunal do
Júri de Contagem. O réu aguardava em um cela no fórum e não foi chamado
pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues, que preside o júri.
O início dos trabalhos também foi marcado pela ausência de uma
testemunha, José Cleves, que precisou ser localizada por um oficial de
Justiça. A juíza determinou que ele fosse buscado em casa e considerou a
falta como "um absurdo".
Denúncia
Segundo o Ministério Público, nove acusados, sob ordens de Bruno,
participaram do sequestro e desaparecimento de Eliza Samudio, entre eles
o amigo Macarrão e uma ex-namorada do goleiro, ambos condenados em novembro.
A acusação contra uma pessoa foi arquivada. Para a Promotoria, o
jogador, que atuava no Flamengo, arquitetou o crime para não ter de
reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia. Conheça todos os réus.
No dia 8 de março, o goleiro Bruno Fernandes foi condenado
a 22 anos e 3 meses de prisão em regime inicialmente fechado por
homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de
recurso que dificultou a defesa da vítima), sequestro e cárcere privado e
ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi
considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.
Conforme a denúncia, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um
sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere
privado. Depois, foi entregue para o ex-policial Bola, que a asfixiou e
desapareceu com o corpo.
O bebê Bruninho, filho de Eliza e de Bruno, que foi achado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.
Além do ex-policial, dois réus ainda vão ser julgados separadamente. No
dia 15 de maio, vão a júri Elenílson Vitor da Silva e Wemerson Marques
de Souza. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto. Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro, foi absolvida durante o julgamento em março.
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