Eleição 2014

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05/03/2013

  Sônia Moura criticou declarações de Célia Sales, prima do goleiro. Testemunha foi arrolada pela defesa de Dayanne, ex-mulher de Bruno.

Rosanne D'Agostino Do G1, em Contagem (MG)

A mãe de Eliza Samudio, Sônia Moura, fez críticas à testemunha Célia Aparecida Rosa Sales, que prestou depoimento na manhã desta terça-feira (5), e disse que ela mentiu diversas vezes. Sônia rebateu algumas afirmações de Célia, como a de que Eliza jamais procuraria a mãe. "Mentira. A última pessoa que ela iria procurar seria o pai", afirmou. Em depoimento, Célia disse que, nas conversas com Eliza, a ex do goleiro chegou a dizer que, se um dia precisasse de alguma coisa, "a única pessoa que ela não iria procurar era a mãe".

(Acompanhe no G1 a cobertura completa do julgamento do caso Eliza Samudio, com equipe de jornalistas trazendo as últimas informações, em tempo real, de dentro e de fora do Fórum de Contagem, em Minas Gerais. Conheça os réus, entenda o júri popular, relembre os momentos marcantes e acesse reportagens, fotos e infográfico sobre o crime envolvendo o goleiro Bruno.)


Ainda segundo Sônia, a filha "não gostava de polenta" e nem sabia preparar o prato. A declaração se refere a uma descrição feita por Célia da convivência com Eliza no sítio de Bruno, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A testemunha relatou em depoimento que a jovem se ofereceu para ajudar Dayanne Rodrigues – ré no processo – a preparar um frango com quiabo. Durante a sessão, Célia também foi questionada pela advogada Maria Lúcia, que representa a mãe de Eliza. A advogada perguntou "com que mão Eliza teria cozinhado" e a testemunha respondeu que não sabia. “Ela deveria saber”, disse Maria Lúcia.
Célia Aparecida Rosa Sales, prima do goleiro Bruno, disse nesta terça-feira (5), no seu depoimento como testemunha do júri do caso Eliza Samudio, que a ex-mulher do jogador Dayanne Rodrigues pediu para que ela entregasse o bebê Bruninho, filho do atleta e de Eliza Samudio, para Wemerson Marques, o Coxinha. Bruno e Dayanne enfrentam o banco dos réus em júri pela morte e desaparecimento de Eliza Samudio, crime ocorrido em 2010.
O depoimento de Célia começou às 10h03 e foi encerrado às 12h53 de terça. Ela foi a terceira testemunha ouvida no júri popular. Ela saiu chorando do plenário após abraçar o goleiro.
Célia, arrolada como testemunha pela defesa de Dayanne, disse em depoimento anterior que ajudou a entregar o bebê Bruninho, filho de Bruno e Eliza Samudio, que estava com Dayanne, a Coxinha. O fato teria ocorrido no dia 18 de junho de 2010, após a morte de Eliza, segundo o Ministério Público.
Célia foi a terceira testemunha a falar no júri, após João Batista Guimarães, que acompanhou o depoimento do motorista Cleiton Gonçalves no inquérito, e da delegada Ana Maria Santos, que atuou na investigação da morte de Eliza Samudio. Ainda deve ser lido, nesta terça-feira, depoimento por carta precatória da assistente técnico-jurídico do sistema socioeducativo de Minas Gerais, Renata Garcia, que acompanhou a primeira oitiva feita pela polícia com Jorge. O restante das 15 testemunhas programadas inicialmente foi dispensado pela defesa e pela juíza Marixa Fabiane.
Célia também disse nesta terça-feira (5), no plenário, que não perguntou a Dayanne por que ela pediu para entregar a criança a Coxinha.
O promotor Henry Castro perguntou, durante o júri, se ela não achava estranho uma criança bem tratada ser entregue em uma BR no meio da noite para um "marmanjo". Célia disse que não sabia informar o motivo.
Célia Aparecida é irmã do réu assassinado Sérgio Rosa Sales. Ela também havia sido arrolada pela defesa de Bruno, mas foi dispensada.
Bruno responde pela morte e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e pelo sequestro e cárcere privado do filho que teve com a jovem. A ex-mulher Dayanne Rodrigues responde pelo crime de sequestro e cárcere privado da criança.
Célia: tratavam Eliza 'super bem'
Célia estava no sítio de Bruno no período em que a polícia acredita que ela tenha sido mantida sob cárcere privado
A testemunha diz que Bruno e Dayanne tratavam Eliza "super bem".
ATUALIZADO Arte estática Caso Eliza Samúdio (Foto: arte)
Célia disse que viu Eliza no sítio e conversou muito com ela. Segundo Célia, Eliza dizia que a mãe não tinha a criado.
Ainda segundo Célia, Eliza disse que se contasse as "coisas pesadas" que sabia de Bruno, a vida dele iria "acabar".
Em determinado dia, diz Célia, Macarrão disse que "estava na hora de ir". Entraram no carro ele, o primo de Bruno então menor Jorge Luiz e Eliza. E elas ficaram no sítio, inclusive Dayanne.
Depois, relatou a testemunha, Macarrão e Jorge retornaram para sítio. "Chegaram com o neném", disse. Segundo ela, Macarrão afirmou que Eliza voltaria para pegar Bruninho.
Célia afirmou que o bebê ficou com Dayanne porque os demais precisavam viajar. Segundo ela, a criança não foi maltratada. "Cuidou como se fosse dela", diz sobre Dayanne.
Célia também afirmou que Bruno era um pai presente e exigente para os filhos de Dayanne. Ela disse que Macarrão tomava conta das coisas do Bruno.
Segundo dia de júri
Recomeçou às 9h20 desta terça-feira (5) o júri popular do goleiro Bruno Fernandesx e da ex-mulher Dayanne Rodrigues, no Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O segundo dia de julgamento, que teve primeira sessão na segunda-feira (4), estava marcado para ser iniciado às 9h desta terça-feira, mas começou com 20 minutos de atraso.
Logo após o início da sessão, por volta das 9h35, aconteceu um problema na rede elétrica do Fórum de Contagem, atrasou por mais alguns minutos o julgamento. Com a pane, não havia energia na sala onde os jornalistas acompanham o júri por uma televisão. A queda de energia afetou várias salas no fórum, mas não o plenário.
Nesta terça-feira continuamr a ser ouvidas testemunhas do caso Eliza Samudio. Além de Célia, foi ouvido João Batista Guimarães. Jaílson de Oliveira, detento que denunciou ter ouvido uma confissão de Bola, foi dispensado pela juíza.
Outra testemunha da Promotoria, Renata Garcia, advogada que acompanhou o depoimento do então menor Jorge, que delatou Bruno à polícia, foi ouvida por carta precatória (à distância) e seu depoimento será lido no plenário.
Dependendo da duração dos depoimentos das testemunhas, é possível que o interrogatório do goleiro ocorra ainda nesta terça.
Chegada ao fórum
O goleiro Bruno chegou ao Fórum de Contagem por volta das 8h20 desta terça-feira para o segundo dia do júri. Ele deixou a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, às 8h02, sob forte esquema de segurança. O comboio escoltado também levou o detento Jaílson Oliveira, que deve depor como testemunha.
A mulher de Bruno, Ingrid Calheiros, falou na porta do fórum, na chegada para o segundo dia, que está "confiante" na absolvição do goleiro. Segundo ela, nenhum acordo pela confissão de Bruno está sendo feito com a acusação. "Espero que não seja manipulado, espero que tudo aconteça dentro da lei".
A mãe de Eliza Samudio, Sônia Moura, também falou na porta do fórum. Ela espera que não haja acordo, e diz que acredita da condenação. "O choro dele não é verdadeiro, ele não é verdadeiro. Quem tem que perdoar é Deus, não sou eu", disse Sônia.

 uem tem que perdoar é Deus, não sou eu", disse Sônia.
O advogado de Bruno, Lúcio Adolfo, conversa com seu cliente ao lado de Dayanne, a ex-mulher do goleiro (Foto: Maurício Vieira/G1)O advogado de Bruno, Lúcio Adolfo, conversa com seu cliente ao lado de Dayanne, a ex-mulher do goleiro (Foto: Maurício Vieira/G1)
Primeiro dia de júri: choro e Bíblia
No primeiro dia do júri popular do goleiro Bruno e de Dayanne Rodrigues, o atleta chorou, leu a Bíblia e, de cabeça baixa durante as quase oito horas de sessão, viu sua defesa dispensar todas as testemunhas que havia arrolado.
O corpo de jurados composto por cinco mulheres e dois homens também foi escolhido na segunda (4).
Cinco mulheres e 2 homens no júri
Bruno chegou ao Fórum de Contagem na segunda-feira escoltado por policiais desde a Penitenciária Nelson Hungria. Vinte minutos depois foi a vez de Dayanne, que entrou pela porta da frente do fórum sob vaias e gritos de "justiça".
Com uniforme vermelho da Suapi (Subsecretaria de Administração Prisional), Bruno aguardou na carceragem do fórum até que os advogados apresentassem os pedidos preliminares ao julgamento.Todos os pedidos, que visavam adiar o júri, foram negados pela juíza Marixa Fabiane.
Bruno e Dayanne adentraram a sala do júri para assistir à escolha dos jurados, cinco mulheres e dois homens que agora compõem o Conselho de Sentença. Eles darão o veredicto – culpado ou inocente (entenda como funciona o júri popular).
Testemunhas dispensadas e ausentes
Após o sorteio do júri, os advogados decidiram dispensar sete das 15 testemunhas (5 de acusação e 10 de defesa) inicialmente arroladas. A dispensa deve acelerar o julgamento, segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), de cinco para três dias.
Com as dispensas e as ausências, Bruno ficou sem nenhuma testemunha de defesa. Para especialistas, trata-se de uma estratégia (entenda no blog Traduzindoo Caso Eliza Samudio).
Menor dizia a verdade, diz delegada
A única testemunha ouvida na segunda-feira foi a delegada Ana Maria Santos, que atuou na investigação da morte de Eliza Samudio. Testemunha  arrolada pela Promotoria, ela disse à juíza Marixa Fabiane que a polícia ouviu todos os envolvidos que foram encontrados no sítio de Bruno em Esmeraldas (MG), onde Eliza teria sido mantida em cativeiro, e que o menor à época, Jorge Luiz Rosa, "dizia a verdade" quando acusou Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, de ter executado a jovem.
Ilustração traz panorama geral do plenário onde ocorre o júri popular de Bruno (Foto: Leo Aragão/G1)Ilustração traz panorama geral do plenário onde ocorre o júri popular de Bruno (Foto: Leo Aragão/G1)
Segundo a delegada, as investigações levaram até a ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues, depois que policiais encontraram Bruninho [filho de Eliza com o goleiro] graças a denúncias anônimas sobre o espancamento de uma mulher e sua morte. Conforme depoimento da delegada, Dayanne deu o bebê para outro acusado, Wemerson Marques, o Coxinha.
Ana Maria Santos disse que foi até o centro de internação ouvir o então menor primo de Bruno, Jorge Luiz Rosa, sobre a morte de Eliza.
A delegada também disse como Jorge Luiz Rosa relatou a morte de Eliza. Ele disse que viu Bola esganar Eliza, passando o braço direito sobre seu pescoço. Segundo ele, Bola também pediu para Macarrão pegar uma corda, momento em que ele começou a "desferir bicudas" em Eliza.
Segundo a delegada, o menor dizia a verdade sobre o crime. "Tive razões para confirmar que ele [Jorge] dizia a verdade quando um parecer exarado por um médico legista confirmou que aquela narrativa leiga do jeito que fora feita tinha uma fundamentação científica", disse a delegada..
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro Bruno, é vista no Fórum de Contagem (Foto: Maurício Vieira/G1) 
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro Bruno,
no Fórum de Contagem (Foto: Maurício Vieira/G1)
O crime
O goleiro, que na época do crime era titular do Flamengo, é acusado pelo Ministério Público de planejar a morte para não precisar reconhecer o filho que teve com a modelo nem pagar pensão alimentícia.
Conforme a denúncia, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. Depois, a vítima foi entregue para o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que a asfixiou e desapareceu com o corpo, nunca encontrado. Para a Justiça, a ex-amante do jogador foi morta em 10 junho de 2010, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A certidão de óbito foi emitida por determinação judicial.
O bebê Bruninho, que foi achado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.
Acusados e condenados
A Promotoria afirma que, além de Bruno, mais oito pessoas tiveram participação nos crimes. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, foram condenados em júri popular realizado em novembro de 2012.
No dia 22 de abril, Bola será julgado. Em 15 de maio, enfrentarão júri Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo de Bruno. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido (saiba quem são os réus).
Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, era adolescente à época do crime. Cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.
Investigações
A polícia encerrou o inquérito com base em laudos que atestam a presença de sangue de Eliza em um carro de Bruno, nos depoimentos de dois primos que incriminam o goleiro, em sinais de antena de celular e multas de trânsito que mostram a viagem do grupo do Rio de Janeiro até Minas Gerais e em conversas de Eliza com amigos pela internet, nas quais ela relata o medo que sentia.
Eliza também havia prestado queixa contra o atleta quando ainda estava grávida, dizendo que ele a forçou, armado, a tomar abortivos. Ela ainda deixou um vídeo dizendo que poderia aparecer morta se não tivesse proteção.
Apesar de os primos de Bruno terem alterado as versões, os depoimentos devem ser usados pela acusação no júri. Jorge Luiz Rosa, adolescente à época, foi o primeiro a delatar Bruno, confessando ter ajudado o goleiro a levar Eliza ao sítio. Ele contou que a vítima foi entregue a Bola e que ele presenciou a morte. Dias depois, negou tudo. O jovem, hoje com 19 anos, voltou a falar em entrevista ao "Fantástico" (veja o vídeo ao lado). Ele disse que não tinha como Bruno não saber que Eliza seria morta.
O outro primo, Sérgio Rosa Sales, ajudou na reconstituição do crime, mas foi morto com seis tiros, em agosto deste ano.

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