Eleição 2014

Eleição 2014

07/03/2013

Promotor diz que Bruno 'mentiu' e foi 'articulador' de morte de Eliza

'O futebol perdeu goleiro razoável, mas um grande ator', afirmou promotor.
Fala da acusação iniciou debates no último dia de júri de Bruno e ex-mulher.

Rosanne D'Agostino Do G1, em Contagem (MG)
24.nov.2012 - O promotor Henry Wagner fala à imprensa após condenação de Macarrão e Fernanda Castro e sorri (Foto: Maurício Vieira/G1) 
24.nov.2012 - O promotor Henry Wagner fala à imprensa após condenação de Macarrão e Fernanda Castro e sorri (Foto: Maurício Vieira/G1)
O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse nesta quinta-feira (7), no Fórum de Contagem (MG), que agora é possível saber que o goleiro Bruno Fernandes de Souza “mentiu”, mesmo sabendo de toda a verdade sobre a morte de Eliza Samudio, sua ex-amante. O promotor apresenta seus argumentos na fase de debates entre acusação e defesa, que acontece nesta quinta-feira (7), quando deve sair o veredicto, culpado ou inocente, no júri popular que julga o goleiro e sua ex-mulher Dayanne Rodrigues pelo crime. Ele também pediu a absolvição de Dayanne, afirmando que ela foi "coagida". Ela chorou ao ouvir o pedido.

(Acompanhe no G1 a cobertura completa do julgamento do caso Eliza Samudio, com equipe de jornalistas trazendo as últimas informações, em tempo real, de dentro e de fora do Fórum de Contagem, em Minas Gerais. Conheça os réus, entenda o júri popular, relembre os momentos marcantes e acesse reportagens, fotos e infográfico sobre o crime envolvendo o goleiro Bruno.)

"O futebol perdeu um goleiro razoável, mas um grande ator", disse o promotor. Ele começou sua fala às 11h38 afirmando que a "canalha quadrilha" levou Eliza do Rio de Janeiro para Minas Gerais e que ela nunca fez o exame de DNA porque Bruno não quis. Ainda, segundo Castro, Bruno agrediu Eliza, ameaçou de morte e tentou forçá-la a tomar abortivos. Segundo ele, o jogador se negava a atender seu único pedido: o pagamento dos exames pré-natais.
“Bruno é o articulador, ele está no comando, ele está no controle, ele está na apuração”, disse o promotor, que afirmou que Luiz Henrique Romão, o Macarrão, era "jagunço e faz-tudo" de Bruno. Por isso, o goleiro enviou, depois do crime, uma carta pedindo que o “irmão” assumisse a culpa em seu lugar.
“O plano A era que fosse negada qualquer forma de constrangimento sobre Eliza. E Bruno mentiu, vergonhosamente mentiu, dizendo não ter conhecimento nenhum do fim da Eliza", afirmou o representante do Ministério Público.
Já sobre Dayanne, o promotor afirmou que ela pelo policial aposentado Zezé, José Lauriano, que hoje é investigado por participação no crime. Segundo o promotor, ele “é a pessoa que chega na noite da morte de Eliza com Bola". O promotor diz também que Bruno deixou a "mãe de suas filhas à mercê" de Zezé. "E Bruno conhecia o Zezé.”
Henry Castro mostrou aos jurados seis folhas de ligações do celular de Eliza para mostrar que, depois do dia 4 de junho de 2010, ela não usou mais o telefone. "Eliza estava privada de seu celular no sítio de Bruno", afirma. Para a Justiça, Eliza foi morta no dia 10 de junho daquele ano.
Ainda conforme o promotor, Bruno ameaçava Eliza desde que ela estava grávida e, com a ajuda de Macarrão, a forçou a tomar abortivos. O goleiro também falou para Eliza: ‘Eu quero que você morra’, segundo Castro. Por isso, a jovem estava fugindo dele se escondendo na casa de uma amiga. Foi quando Bruno “mudou da água para o vinho”, nas palavras de Eliza citadas por Castro. “Eliza vai ao Rio e passa a ser enrolada por este canalha."
Bruno, diz o promotor, arquitetou um plano para matar Eliza. “Ela falou claramente que se encontrava ameaçada de morte por Bruno", afirma. Segundo ele, o goleiro foi ajudado pela “canalha quadrilha”. O primo menor Jorge feriu Eliza com coronhadas de arma de fogo ainda no Rio de Janeiro, início do sequestro, ao lado de Macarrão e no carro de Bruno, para enganá-la. Depois que Eliza foi sequestrada, Bruno, esse "criminoso, facínora", entrou em contato com o menor Jorge, disse Henry Castro.
O promotor citou ainda depoimentos de pessoas que afirmam que Bruno tinha ligação com o tráfico de drogas e que já foi visto diversas vezes em uma favela e na companhia de traficantes.
O promotor ainda ironizou o interrogatório de Bruno e também as afirmações de Macarrão no júri popular que ao condenou em novembro. Mais fácil tirar um dente sem anestesia do que a verdade dessa desgraça". Mas depois completou: “uma mentira contada várias vezes não se torna verdade. Não há poder, não há influência que possa tirar ninguém dos braços firmes da Justiça."
Bruno fala novamente
"Sabia e imaginava", afirmou o goleiro Bruno Fernandes de Souza em um novo interrogatório no Fórum de Contagem (MG), nesta quinta-feira (7), sobre a morte de Eliza Samudio. A juíza Marixa Rodrigues determinou que jogador retornasse ao plenário para ser ouvido novamente, a pedido de sua defesa. Bruno e a ex-mulher Dayanne Rodrigues são julgados desde segunda-feira (4) no Fórum de Contagem (MG).
Bruno respondeu a uma única pergunta de seu advogado, Lúcio Adolfo. O defensor questionou se o goleiro sabia que Eliza ia morrer. "Sabia e imaginava", afirmou. "Pelas brigas constantes, pelo fato de eu ter entregado ao Macarrão o dinheiro."
Antes, Dayanne também pediu para ser ouvida novamente. Ela afirmou que tem medo de José Lauriano, policial aposentado chamado de Zezé, investigado como suspeito de participação na morte de Eliza Samudio. "Eu senti medo naquele momento, tanto quanto estou sentindo agora, ainda mais depois que o Bruno falou ontem", disse.
Nesta quinta-feira ocorrem os debates em que acusação e defesa apresentam suas argumentações para tentar condenar ou absolver os réus.
O primeiro a expor seus argumentos foi o promotor Henry Castro, que teve duas horas e meia de fala. Em seguida, os advogados dos réus também terão duas horas e meia no plenário. Se o promotor pedir réplica, de duas horas, a defesaa automaticamente tem direito à tréplica, de duas horas.
Após os debates, o Conselho de Sentença se reúne para decidir o veredicto, se os réus serão condenados ou absolvidos.
Bruno é acusado de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima); sequestro e cárcere privado de Bruninho e ocultação de cadáver. Já Dayanne responde pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho.
Terceiro dia
O goleiro Bruno Fernandes de Souza disse nesta quarta-feira (6) que aceitou o fato de que Eliza Samudio havia sido assassinada a mando do amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, sem tomar qualquer atitude e sem denunciar os envolvidos no crime. "Como mandante, dos fatos, não, eu nego. Mas de certa forma, me sinto culpado", afirmou o atleta. "Eu não sabia, eu não mandei, excelência, mas eu aceitei", disse à juíza Marixa Rodrigues.
O interrogatório do jogador começou por volta das 14h e terminou perto de 20h15 no Fórum de Contagem. Ele respondeu a todas as perguntas feitas pela juíza e por seu advogado, além de pelo menos 30 questões formuladas pelos jurados. Bruno, no entanto, permaneceu calado ao ser questionado pela Promotoria e por Ércio Quaresma, advogado de policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.

Advogados observam enquanto o goleiro Bruno chora durante sessão no Fórum de Contagem (Foto: Pedro Triginelli/G1)

Nenhum comentário:

Postar um comentário