Previsto para 15 dias, funcionamento de usinas já dura 2 meses.
Medida vai custar ao menos mais R$ 253,6 milhões a consumidor.
Previsto para funcionar de maneira emergencial por um período de apenas
15 dias, um conjunto de usinas termelétricas continua em operação na
região Nordeste dois meses depois de ter sido acionado por decisão do
governo federal.
O prolongamento da medida vai encarecer ainda mais a conta a ser
cobrada dos consumidores brasileiros pelo uso de energia térmica, que já
é de pelo menos R$ 8,6 bilhões, conforme mostrou o G1 na terça (4). Esse montante, sozinho, já seria suficiente para levar a um aumento médio de 8% na conta de luz.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o custo do despacho das
termelétricas no Nordeste, entre setembro e outubro, vai agregar a essa
conta outros R$ 253,6 milhões. Nesta quarta (6), o Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) vai avaliar a necessidade de
mantê-las funcionando por mais tempo.
Inspeção da rede
O CMSE aprovou o acionamento de um conjunto de 21 usinas do Nordeste no dia 4 de setembro, uma semana depois de um apagão deixar 9 estados sem luz por até 2 horas e meia. A Justificativa era que, ao ligá-las, reduz-se o risco de uma nova interrupção no fornecimento de energia na região.
Na época, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia e membro do CMSE, Márcio Zimmermann,
disse que essas usinas ficariam ligadas por um breve período, estimado
por ele em 15 dias, até que a Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) concluísse uma vistoria na rede de transmissão no Nordeste.
O objetivo da vistoria era verificar a limpeza das áreas de servidão,
como são chamadas as faixas de terra por onde passam as linhas de
transmissão de energia. Tratava-se de uma medida preventiva, pois o
apagão do final de agosto, segundo o governo, foi provocado por um
incêndio na vegetação sob um trecho da rede que passa pelo interior do
Piauí.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o número de
termelétricas ligadas no Nordeste por conta do risco de um novo apagão
caiu de 21 para 14. E elas só serão desligadas quando “o risco de
queimadas nas linhas de interligação inter-regionais forem reduzidos”.
“As usinas térmicas remanescentes ainda não foram desligadas porque a
operação com critério de segurança mais rigoroso na região Nordeste
permanece ativa até a presente data, devendo a mesma ser reavaliada na
próxima reunião do CMSE em função da avaliação dos riscos de queimada na
região e da fiscalização da Aneel sobre as condições de limpeza das áreas de servidão dessas linhas de transmissão”, informou o ministério.
O G1 questionou à Aneel se a vistoria nas redes do
Nordeste ainda está em andamento e qual era a previsão para ser
concluída, mas não obteve resposta.
Restrição elétrica x segurança energética
A decisão do CMSE de acionar as térmicas no Nordeste para evitar novo apagão provocado por queimadas próximas a linhas de transmissão foi tomada com base no chamado critério de restrição elétrica, que ocorre quando há alguma situação que afeta o atendimento da demanda por energia ou a estabilidade do sistema.
A decisão do CMSE de acionar as térmicas no Nordeste para evitar novo apagão provocado por queimadas próximas a linhas de transmissão foi tomada com base no chamado critério de restrição elétrica, que ocorre quando há alguma situação que afeta o atendimento da demanda por energia ou a estabilidade do sistema.
É um motivo diferente do que leva o governo a manter ligadas centenas
de termelétricas no país desde o ano passado: a queda no nível dos
reservatórios das hidrelétricas devido ao baixo volume de chuvas durante
o período úmido de 2012 e 2013. Nesse caso, a justificativa é o risco à
segurança energética. É aqui que está a conta de R$ 8,6 bilhões já
acumulada.
As represas de hidrelétricas do Nordeste são as que mais sofrem com a
estiagem dos últimos meses. De acordo com dados do Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS), durante todo o ano de 2013 o nível dos
reservatórios na região ficou abaixo do registrado em 2012. Em outubro, a
queda era 25,1%.
Em setembro, quando anunciou o acionamento das térmicas no Nordeste
para reduzir o risco de novo apagão, o governo negou que a medida
tivesse relação com o baixo nível dos reservatórios da região.
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