Eleição 2014

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28/08/2013

Atualizado em 28/08/2013 07h50 Pressionado pelo dólar alto, BC deve subir juro pela quarta vez consecutiva

Taxa básica da economia deve avançar de 8,5% para 9% ao ano hoje.
Economista vê IPCA ao redor de 6% em todo governo Dilma Rousseff.
Alexandro MartelloDo G1, em BrasíliaPressionado pela alta do dólar e seu respectivo impacto na inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira (28) de 8,5% para 9% ao ano. Se confirmada, será a quarta elevação consecutiva, levando os juros ao maior patamar desde março de 2012. A decisão será anunciada após as 18h.

Segundo o economista da Tendências Consultorias, Silvio Campos Neto, a expectativa de alta dos juros nesta quarta-feira, com o objetivo de conter a inflação, está tão consolidada nos economistas do mercado financeiro que o foco principal da reunião não será nem mesmo a decisão em si, mas o comunicado que sairá após o encontro e, posteriormente, na ata do Copom a ser divulgada na semana que vem.
A expectativa é sobre as sinalizações que a autoridade monetária poderá dar sobre os próximos passos da política de juros. Até o momento, o mercado financeiro acredita em, pelo menos, mais uma nova alta dos juros ainda neste ano, em outubro, para 9,5% ao ano. Campos Neto, porém, prevê que os juros poderão subir ainda mais, chegando ao fim de 2013 em 9,75% ao ano - bem próximos da marca de 10% ao ano.
"O câmbio é e tem sido a variável de maior destaque e deve condicionar estas novas decisões de altas dos juros [pelo Copom]. Os preços já começam a ter efeito desta mudança no câmbio. A manutenção de um patamar do dólar próximo de R$ 2,40 gera novos efeitos na inflação neste ano", declarou o economista da Tendências.
Repasse para os preços
Analistas lembram que quase 25% dos produtos consumidos em nossa economia são importados, resultando em impacto inflacionário quando a moeda norte-americana se valoriza. Até meados do mês de maio, o dólar operava ao redor de R$ 2 no Brasil. Desde então, porém, registrou alta e, atualmente, tem mais próximo de R$ 2,40.

Os economistas avaliam que uma alta de R$ 0,10 no preço do dólar poderia ter um impacto de cerca de 0,2 ponto no IPCA deste ano. Deste modo, se o dólar estava em cerca de R$ 2 antes da sinalização do BC norte-americano e passou, atualmente, para um valor próximo de R$ 2,40, o impacto seria de aproximadamente 0,8 ponto percentual no IPCA.
Entretanto, o dólar teria de permanecer neste patamar para que o repasse aconteça de forma integral. Para Campos Neto, da Tendências, uma alta de 20% no dólar, como está ocorrendo neste ano, para cerca de R$ 2,40, teria um impacto de mais ou menos um ponto no IPCA de 2013.
Antes da alta recente do dólar, a expectativa do mercado era de que o aumento dos juros total previsto para este ano seria de um ponto percentual, passando de 7,25% para 8,25% ao ano no fim de 2013. Após a disparada do câmbio, os economistas dos bancos passaram a prever um ciclo bem maior de alta dos juros: para 9,5% ao ano no fim de 2013.
Inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Ao subir os juros, o BC atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está compatível com a meta. Em doze meses até julho, o IPCA, que serve de referência para o sistema de metas de inflação brasileiro, somou 6,18%.
Em 2011, a inflação foi de 6,5% e, no ano passado, totalizou 5,84%. O economista Silvio Campos Neto prevê um IPCA próximo de 6% também em 2013 e 2014. "Houve redução dos juros em 2012 onde não havia justificativa. Isso sugeriu que BC nao mirava [na meta central de 4,5%] e isso é fatal em um regime de metas. Caso não busque o centro da meta, acaba perdendo a coordenação de expectativas", avaliou o economista.

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