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28/08/2013

Atualizado em 27/08/2013 21h32 Júri condena Ricardo Atayde pela morte de bailarino no Norte de MG

Ele pegou 14 anos de prisão, mas vai aguardar recurso em liberdade.
Filho Diego Rodrigo Atayde foi absolvido em julgamento.
Do G1 MG
O júri popular dos acusados de matar o bailarino Igor Leonardo Lacerda Xavier terminou na noite desta terça-feira (27) com um dos réus absolvidos e outro condenado. De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Ricardo Atayde Vasconcelos foi condenado a 14 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado. Já o seu filho, Diego Rodrigo Atayde Vasconcelos foi absolvido da acusação.
Juiz faz leitura de sentença no júri da morte do bailarino Igor Leonardo Lacerda Xavier. Um dos réus foi condenado o outro absolvido  (Foto: Raul Machado / TJMG)Juiz faz leitura de sentença no júri da morte do bailarino Igor Leonardo Lacerda Xavier. Um dos réus foi condenado o outro absolvido (Foto: Raul Machado / TJMG)
O julgamento já havia sido adiado duas vezes. O crime ocorreu há 11 anos em Montes Claros, no Norte de Minas. O corpo de Igor foi encontrado em 

uma estrada, próxima à cidade. Na época, o fazendeiro confessou o crime, e ele e o filho aguardavam o julgamento em liberdade.
Segundo a assessoria do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, Ricardo Atayde vai aguardar recurso em liberdade. Ainda conforme o fórum, os crimes de ocultação de cadáver e fraude processual pelos quais eles também respondiam já haviam prescrevido.




Os réus chegaram ao Fórum Lafayette pouco antes das 9h, e os advogados não gravaram entrevista. No começo da sessão, os acusados se sentaram lado a lado. Por volta das 10h, o pai começou a ser interrogado, e, neste momento, o filho deixou o plenário. Ricardo Atayde confirmou que matou o bailarino e chegou a se emocionar quando relatou os detalhes do assassinato. O acusado afirmou que jogou as duas armas em uma mata e deixou o corpo da vítima em uma estrada, próxima de Montes Claros.
Em seguida, o filho do fazendeiro foi ouvido pelo juiz.  Ele contou que o bailarino o assediou sexualmente e, depois disso, o pai, que presenciou a cena, buscou duas armas e atirou na vítima.
De acordo com a denúncia, o fazendeiro disse que conheceu a vítima em um bar. Os dois teriam ido buscar alguns livros no apartamento de Ricardo Atayde, quando teria visto o bailarino assediar o filho dele, à época com 19 anos. O inquérito diz que o fazendeiro disparou cinco vezes contra a vítima.
Segundo o promotor Gustavo Fantini, responsável pela acusação, a versão dos acusados é "absolutamente incompatível" com a prova pericial. Segundo ele, a morte do bailarino tratou-se de uma execução. "Igor foi sumariamente executado", afirmou.
Com base em testemunhas, o promotor disse que vítima e o réu Ricardo Atayde já se conheciam e, inclusive, mantinham relacionamento amoroso. A defesa também afirmou que Diego Atayde não foi molestado pelo bailarino. Fantini alegou ainda não ter provas que o filho do fazendeiro tenha efetuado disparos de arma de fogo contra a vítima e, por isso, pediu a absolvição dele e a condenação do outro réu.
Para o advogado Maurício Campos Júnior, que representa os réus, insinuações sobre homossexualidade de Ricardo Athayde são absurdas, pois se baseiam em desejo de desmoralizá-lo. Segundo ele, a causa do crime foi o assédio e este não seria um motivo fútil. Para ele, a atitude do acusado expressa o valor moral, não só do fazendeiro ou de Montes Claros, mas de toda a sociedade.
A família de Igor Leonardo Lacerda Xavier acompanhou o julgamento. A mãe da vítima disse que estava angustiada, mas confiante na condenação dos réus. “O resultado desse julgamento não vai trazer nosso filho de volta”, desabafou antes de a sentença ser anunciada.
Amigos e parentes do bailarino acreditam que ele foi morto porque era homossexual. Mas, segundo a Justiça, na denúncia não consta o termo homofobia. Um representante da presidência da República veio de Brasília para acompanhar a sessão do júri. “Nós achamos esse caso emblemático pra enfrentamento da homofobia no Brasil”, disse o coordenador-geral de Promoção de Direitos LGBT da Secretaria dos Direitos Humanos, Gustavo Bernardes.

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