Do UOL Notícias
Na noite de sexta (4), estudantes que ocuparam reitoria da USP acendem fogueira em frente ao prédio
Os manifestantes que invadiram a reitoria da USP (Universidade de São Paulo) têm até as 17h deste sábado (5) para sair do prédio. A notificação judicial para reintegração de posse foi entregue na Cidade Universitária na tarde de sexta-feira (4).
O oficial de Justiça Valdemir Aparecido Maciel entregou a reintegração de posse e uma intimação para uma reunião de conciliação, para hoje, às 10h, no Fórum Eli Lopes. A juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti pede que sejam nomeados dois representantes dos estudantes para esse encontro.
Os manifestantes não assinaram os documentos levados pelo oficial. "Eles têm o direito de não assinar, mas a partir do momento em que eu li a notificação, eles estão oficialmente notificados", afirmou Maciel.
PM pode ser acionada
A USP não descarta o uso da PM para fazer cumprir a reintegração de posse da reitoria, ocupada desde a madrugada do dia 2 de novembro. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, a "preferência é [que seja resolvida a saída] na base do diálogo".
A tropa de choque é "uma das opções" no planejamento e "já preparada e de prontidão caso seja necessário o emprego dela", segundo coronel Marcos Chaves, comandante do CPC (Comando de Policiamento da Capital) em entrevista à rádio Estadão ESPN na manhã desta sexta.
Segundo o comandante, a expectativa é de que os estudantes façam uma "desocupação pacífica".
Nem todos a favor
Apesar da invasão da reitoria em reivindicação a presença da PM dentro do campus da USP (Universidade de São Paulo), não são todos os alunos da universidade que são contrários à atuação da polícia dentro da Cidade Universitária.
Para Flávio Morgenstern, 26, aluno de Letras, a partir do convênio firmado entre a polícia e a reitoria, os crimes dentro do campus diminuíram 95%. Segundo ele, o número tem como base dados oficiais da USP. "Com a onda de criminalidade que rondava pelo campus, que é muito escuro, além de bem extenso, era preciso fazer algo para mudar esse cenário", diz Morgenstern, que também não concorda com a afirmação de que a atuação da polícia tenha sido agressiva, diferente do que diz o grupo que ocupa a reitoria desde a madrugada de 2 de novembro.
Ele afirma ainda que a posição desse grupo não representa a posição da maioria. "Só pelo Facebook mais de 600 alunos se manifestaram contrários à invasão, bem como às reivindicações desses estudantes", aponta. A diferença, de acordo com Morgenstern, é que esses alunos --favoráveis a presença da PM-- não estão ligados a um movimento político. "Não usam o prédio da reitoria, mas, sim, as redes sociais."
No comunicado oficial do OcupaUSP, a decisão da invasão foi deliberada em assembleia geral dos estudantes por 448 votos a 559. Em nota, o grupo questiona os dados apresentados por Morgenstern, mas reconhece a preocupação com a segurança dos estudantes que manifestam a favor da PM. "Não somos a favor dos assaltos, dos estupros e dos assassinatos: só temos o discernimento de que a Polícia Militar - a mais violenta do mundo - não representa esse ideal de segurança."
Segundo o grupo, a ocupação da Reitoria é um movimento que não se reduz a "querelas partidárias". "Existe aqui uma série de estudantes independentes, construindo conjuntamente com entidades e organizações comprometidas com o fim do convênio PM-Reitoria e com a extinção dos processos criminais a manifestantes".
A manifestação, conforme nota, é apoiada pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a Associação de Professores da PUC, o CA da Escola de Comunicação e Artes da USP, o Núcleo de Consciência Negra, os estudantes em greve da Unicamp e o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP).
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