Superintendente da corporação, delegado João Pedro de Rezende, seria o cabeça da comercialização de CNH’s
Amália Goulart - Do Hoje em Dia
O chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Jairo Léllis, pode afastar, ainda nesta quarta-feira (10), o superintendente da corporação, delegado João Pedro de Rezende, e seu filho Alexandre Clayton de Rezende, comandante da Inspetoria da cidade de Formiga, na Região Centro-Oeste do Estado.
Na terça-feira (9), o ouvidor-geral da corporação, Paulo Alkmin, pediu à Corregedoria e a Léllis o afastamento dos dois. A Corregedoria tem em curso um inquérito no qual aponta pai e filho como chefes de uma quadrilha especializada na venda de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH’s).
Nos bastidores, Jairo Léllis já teria optado pelo afastamento dos policiais, porém, teria dado a eles o dia de ontem para pedir demissão. Por isso, a expectativa de envolvidos na investigação, é de que, nas próximas horas, o superintendente regional e seu filho sejam exonerados. A assessoria da Polícia Civil se limitou a informar que o caso estava em investigação.
Como antecipou o Hoje em Dia, o grupo cobra R$ 1.200 para que o candidato passe nos exames de legislação e direção. Em uma das nove denúncias encaminhadas à Ouvidoria da Polícia, o pai de uma jovem chega a relatar que Alexandre ofereceu à filha a carteira de habilitação se ela “saísse” com ele.
Nos autos do inquérito constam a íntegra de várias escutas telefônicas em que a quadrilha trata dos negócios. Elas mostram que os envolvidos tinham bases para a expansão dos negócios em seis cidades mineiras, além de atender a demanda por fraude de vários candidatos de outros municípios, incluindo Belo Horizonte.
Mesmo com os indícios de irregularidades, João Pedro e Alexandre continuam nos cargos. Desde a última semana, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Durval Ângelo (PT), e o ouvidor da Polícia Civil se empenham solicitaram providências da Secretaria de Defesa Social.
Porém, apenas na terça-feira, após uma rodada de negociações, tornou-se iminente o afastamento. “Sugeri o afastamento para facilitar a apuração dos fatos. Estou com nove processos contra eles desde 2005”, revelou o ouvidor.
O deputado Durval Ângelo disse que tem informações de que o clima na cidade de Formiga é ‘bélico’. Isto porque, segundo ele, com a revelação das denúncias, o grupo passou a ameaçar colegas de trabalho. “Estamos evitando novas tragédias. Se não fossem afastados poderíamos ter até tiroteio dentro de delegacia. O clima de insatisfação é o mais absurdo possível”, contou o parlamentar.
No inquérito que investiga o caso, o promotor Ângelo Ansanelli e o juiz Richard Fernando da Silva, deixam claro que os crimes praticados pelos envolvidos, entre eles corrupção ativa e passiva, além de formação de quadrilha, são passíveis de prisão.
Além da venda de CNH’s, a quadrilha é suspeita de comandar pontos do “jogo do bicho” em Formiga e também de atuar em outras frentes como a transferência de documentos de veículos. O inquérito cita a participação de outros policiais civis e de proprietários e instrutores de autoescolas.
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