Rita de Cassia de Sousa dá aula na cidade de Conceição dos Ouros.
Neste Dia dos Professores ela queria mais reconhecimento à categoria.

Rita de Cassia leciona há 23 anos (Foto: Arquivo
pessoal/ Rita de Cassia Fernandes de Sousa)
pessoal/ Rita de Cassia Fernandes de Sousa)
Foi na infância que a professora Rita de Cassia Fernandes de Sousa, de
45 anos, pegou gosto pela matemática. Ela ajudava no armazém do pai
trabalhando no caixa e somando as contas nas cadernetas dos clientes, em
Conceição dos Ouros (MG). Ficava admirada ao ver o pai "fazer contas de
cabeça". Anos depois, no comando da sala de aula, Cassia se dizia
"chateada" ao ver que a matemática era a disciplina mais odiada pelos
alunos.
Para fazê-los gostar e aprender matemática, Cassia resolveu
incentivá-los a participar da Olimpíada Brasileira de Matemática das
Escolas Públicas (Obmep). Em 2005, estreia da competição, Cassia
inscreveu a escola toda, a João Ribeiro de Carvalho, única estadual da
cidade mineira de pouco mais de 10 mil habitantes, mas ninguém foi
premiado.
A primeira medalha, uma de prata, veio no seguinte, em 2006. A partir
daí os alunos desde o ensino fundamental até o médio começaram a se
interessar mais se destacar na competição. Na Obmep do ano passado, 68
alunos da escola João Ribeiro de Carvalho se classificaram para a
segunda fase e 38 conquistaram premiações: três medalhas de ouro, duas
de prata, cinco de bronze e 28 menções honrosas. Entre 2005 e 2012, a
escola acumulou 209 premiações, sendo quatro medalhas de ouro, seis de
prata, 18 de bronze e 181 menções honrosas. O resultado da Obmep 2013
sai no mês de novembro.
"Faço um trabalho de incentivo, de motivação, e hoje 90% da escola
participa da Obmep. É difícil o aluno que não faz, até os que antes não
tinham interesse hoje perguntam da competição. Sempre mostro o que eles
podem ganhar com as olimpíadas, falo do Ciência sem Fronteiras (programa
de intercâmbio internacional do governo federal que premia
medalhistas), e das oportunidades que passam, da importância de
aproveitar o momento", diz Rita que também vai foi premiada pela Obmep
com equipamentos eletrônicos e um curso no Instituto Nacional de
Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro.
Os estudantes premiados em olimpíadas do conhecimento têm mais vantagem
no processo de seleção do programa Ciência sem Fronteiras, do governo
federal que oferece bolsas de estudo no exterior. Estes também são bem
avaliados por universidades americanas que valorizam atividades
extracurriculares dos candidatos.
Dia dos Professores
Cassia diz que atualmente a Obmep contagiou toda escola e há também
outros professores empenhados em treinar seus alunos. Cassia costuma
inserir questões que já caíram na olimpíada nas avaliações, como forma
de desafiá-los. Além disso, segundo ela, a matemática, aos poucos, está
deixando de ser a vilã à medida que os alunos acertam os resultados e
veem o sentido nos exercícios.
A primeira fase da Obmep é aplicada nas escolas. Os alunos que são
classificados para a segunda etapa são treinados por seus professores
fora dos horários da aula, no caso da escola João Ribeiro de Carvalho.
Cassia conta que costuma refazer as provas dos anos anteriores. As
provas da segunda etapa ocorrem em centros de aplicação que são
divulgados pela organização da olimpíada.
"Fico muito feliz quando alguém ganha, passo falando de sala em sala. A
escola coloca faixa parabenizando e também para incentivar os outros,
todo mundo gosta de reconhecido. Quando um aluno meu ganhou o ouro pela
primeira vez achei que fosse ter um treco."
Cassia leciona há 23 anos, atualmente para os últimos anos do ensino
fundamental. Neste Dia dos Professores comemorado nesta terça-feira (15)
ela diz que é feliz com a profissão, mas gostaria que houvesse mais
reconhecimento. “Ser professor não é fácil, é um trabalho de dedicação
total. Estamos trabalhando com seres humanos, tentando ensinar e
cultivar cada um, é uma carreira árdua. Não passamos apenas
conhecimentos, passamos valores, muitos deles esquecidos pela
sociedade.”
Apesar das dificuldades, ela diz que a carreira vale a pena. "Me
realizo como professora, sou meio brava, pego no pé, mas porque quero
que eles aprendam. Tenho muito aluno que está super bem na carreira e
não esquece de mim, acho gratificante."
Nenhum comentário:
Postar um comentário