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15/10/2013

Atualizado em 15/10/2013 06h19 Professora desperta paixão de alunos por matemática em olimpíada escolar

Rita de Cassia de Sousa dá aula na cidade de Conceição dos Ouros.
Neste Dia dos Professores ela queria mais reconhecimento à categoria.

Vanessa Fajardo Do G1, em São Paulo
Rita de Cassia Fernandes de Sousa leciona há 23 anos (Foto: Arquivo pessoal/ Rita de Cassia Fernandes de Sousa) 
Rita de Cassia leciona há 23 anos (Foto: Arquivo
pessoal/ Rita de Cassia Fernandes de Sousa)
Foi na infância que a professora Rita de Cassia Fernandes de Sousa, de 45 anos, pegou gosto pela matemática. Ela ajudava no armazém do pai trabalhando no caixa e somando as contas nas cadernetas dos clientes, em Conceição dos Ouros (MG). Ficava admirada ao ver o pai "fazer contas de cabeça". Anos depois, no comando da sala de aula, Cassia se dizia "chateada" ao ver que a matemática era a disciplina mais odiada pelos alunos.


Para fazê-los gostar e aprender matemática, Cassia resolveu incentivá-los a participar da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Em 2005, estreia da competição, Cassia inscreveu a escola toda, a João Ribeiro de Carvalho, única estadual da cidade mineira de pouco mais de 10 mil habitantes, mas ninguém foi premiado.

A primeira medalha, uma de prata, veio no seguinte, em 2006. A partir daí os alunos desde o ensino fundamental até o médio começaram a se interessar mais se destacar na competição. Na Obmep do ano passado, 68 alunos da escola João Ribeiro de Carvalho se classificaram para a segunda fase e 38 conquistaram premiações: três medalhas de ouro, duas de prata, cinco de bronze e 28 menções honrosas. Entre 2005 e 2012, a escola acumulou 209 premiações, sendo quatro medalhas de ouro, seis de prata, 18 de bronze e 181 menções honrosas. O resultado da Obmep 2013 sai no mês de novembro.

"Faço um trabalho de incentivo, de motivação, e hoje 90% da escola participa da Obmep. É difícil o aluno que não faz, até os que antes não tinham interesse hoje perguntam da competição. Sempre mostro o que eles podem ganhar com as olimpíadas, falo do Ciência sem Fronteiras (programa de intercâmbio internacional do governo federal que premia medalhistas), e das oportunidades que passam, da importância de aproveitar o momento", diz Rita que também vai foi premiada pela Obmep com equipamentos eletrônicos e um curso no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro.

Os estudantes premiados em olimpíadas do conhecimento têm mais vantagem no processo de seleção do programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal que oferece bolsas de estudo no exterior. Estes também são bem avaliados por universidades americanas que valorizam atividades extracurriculares dos candidatos.
Dia dos Professores
 
Cassia diz que atualmente a Obmep contagiou toda escola e há também outros professores empenhados em treinar seus alunos. Cassia costuma inserir questões que já caíram na olimpíada nas avaliações, como forma de desafiá-los. Além disso, segundo ela, a matemática, aos poucos, está deixando de ser a vilã à medida que os alunos acertam os resultados e veem o sentido nos exercícios.

A primeira fase da Obmep é aplicada nas escolas. Os alunos que são classificados para a segunda etapa são treinados por seus professores fora dos horários da aula, no caso da escola João Ribeiro de Carvalho. Cassia conta que costuma refazer as provas dos anos anteriores. As provas da segunda etapa ocorrem em centros de aplicação que são divulgados pela organização da olimpíada.

"Fico muito feliz quando alguém ganha, passo falando de sala em sala. A escola coloca faixa parabenizando e também para incentivar os outros, todo mundo gosta de reconhecido. Quando um aluno meu ganhou o ouro pela primeira vez achei que fosse ter um treco."
Cassia leciona há 23 anos, atualmente para os últimos anos do ensino 

fundamental. Neste Dia dos Professores comemorado nesta terça-feira (15) ela diz que é feliz com a profissão, mas gostaria que houvesse mais reconhecimento. “Ser professor não é fácil, é um trabalho de dedicação total. Estamos trabalhando com seres humanos, tentando ensinar e cultivar cada um, é uma carreira árdua. Não passamos apenas conhecimentos, passamos valores, muitos deles esquecidos pela sociedade.”

Apesar das dificuldades, ela diz que a carreira vale a pena. "Me realizo como professora, sou meio brava, pego no pé, mas porque quero que eles aprendam. Tenho muito aluno que está super bem na carreira e não esquece de mim, acho gratificante."

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