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25/04/2012

Fazenda ocupada por sem-terra será restaurada em Betim

Propriedade deve ter posto de saúde e um centro de formação profissional para servir aos assentados e à comunidade


Eugênio Moraes
Fazenda
aredes e telhado da sede da fazenda, construída no século 18, terão que ser recuperados


Um centro de formação profissional, um destino de turismo ecológico e até um posto de saúde. Essa pode ser, em um futuro próximo, a estrutura de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que fica na antiga fazenda Ponte Nova, em Vianópolis, na divisa de Betim com Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A sede do lugar, construída no século 18, será restaurada com a participação dos assentados e deve retomar a aparência que tinha no período colonial em outubro deste ano.

O convênio de parceria assinado entre a Prefeitura de Betim, por meio da Fundação Artístico-Cultural de Betim (Funarbe), e a Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop) vai beneficiar as 64 famílias do Assentamento 2 de Julho, como ficou conhecido. Elas ocupam os 700 hectares da fazenda, localizada no km 5 da MG-050.

O local se tornou o primeiro assentamento do Brasil a ser tombado como núcleo histórico pelo Conselho Municipal de Patrimônio. Antes, na época colonial, servia para abastecimento e passagem de viajantes. A fazenda movimentava o comércio na região e é considerada o embrião do distrito de Vianópolis.

Entre seis e 12 assentados vão aprender as técnicas de restauração com arquitetos e mestres da Faop. O trabalho é delicado, já que a estrutura da sede está visivelmente frágil.

Segundo o presidente da Funarbe, Rodrigo Cunha, as peças de madeira resistiram ao tempo, mas 60% das paredes estão comprometidas. As portas e janelas serão restauradas e o telhado será todo refeito. “É uma verdadeira ‘obra escola’, que vai ensinar os ocupantes a se conscientizarem quanto à preservação do patrimônio da cidade”, destaca Rodrigo.

Destino definido pelos próprios moradores

A decisão sobre o que funcionará na sede ficou a cargo dos próprios assentados, o que, ainda conforme Rodrigo Cunha, faz parte da estratégia de apropriação. “Nunca vi uma atividade desse tipo no país. A relação entre a administração pública e o MST não é conflituosa e mostra que um bem tombado pode ajudar no desenvolvimento da comunidade”, acrescenta.

Marcelo Alves Menezes, de 47 anos, ex-funcionário da fazenda, traz, na ponta da língua, a decisão dos moradores. “Nosso grande sonho é transformá-la em um centro de formação profissional em áreas como enfermagem e pedagogia”, diz. Outra possibilidade é fazer do espaço um destino de turismo ecológico e área de pesquisas veterinárias.

Ele e os “vizinhos” já fazem oficinas para aprender as técnicas de restauro. A primeira será a de pau a pique, que servirá para o restauro do salão de reuniões dos moradores, que também está previsto no projeto. É lá que eles discutem as questões que envolvem a comunidade e recebem representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que hoje é o proprietário legal das terras. Essa obra deve durar um mês e, segundo Marcelo Menezes, a ideia é que ali funcione um posto de saúde.
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Tags:  fazenda, Betim, sem-terra, restauração

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