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01/03/2011

Tribunal decreta a prisão de PMs

Soldado Jonas Dadid Rosa (C) preferiu ficar calado na corregedoria
O 1º Tribunal do Juri da capital acatou, ontem à noite, pedido de prisão temporária dos soldados Jason Paschoalino e Jonas David Rosa, do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), feito pelo delegado Fernando Miranda, que investiga as mortes de Jeferson Coelho da Silva, de 17, e seu tio Renilson Veriano da Silva, de 39, no Aglomerado da Serra. Como há dois processos, um na Polícia Civil e outro na PM e a Justiça Militar já havia decretado a prisão preventiva dos dois, além da do soldado Adelmo Felipe de Paula Zuccheratte, hoje as duas corporações devem decidir se os militares ficarão detidos em batalhões ou em prisídio comum.

Por falta de indícios quanto à participação do soldado Zuccheratte nas mortes, o delegado não pediu sua prisão. “Não temos elementos suficientes para isso. Ele era o motorista da guarnição e o inquérito aponta que só soube das mortes depois e só tinha deixado os outros PMs no local”, afirma Miranda. Na quinta-feira, os três devem ser ouvidos pela Polícia Civil.

A defesa dos militares espera que a Corregedoria da Polícia Militar peça hoje a revogação da prisão do soldado Adelmo Paula Zuccheratte, único dos acusados a quebrar o silêncio. Depois de três horas de depoimento ontem, ele negou envolvimento nas mortes. “Encontrava-me com a guarnição, mas não no momento do crime. Estava na Avenida do Contorno, na esquina com a Rua do Ouro. A única coisa que escutei foi a troca de tiros pelo rádio da viatura”, afirmou o PM, que trabalhava como motorista.

Ao contrário de Zuccheratte, Jason Ferreira Paschoalino e Jonas David Rosa, por orientação dos defensores, mantiveram segredo sobre os fatos da madrugada do dia 19. Segundo o advogado Ricardo Gil de Oliveira Guimarães, os PMs aguardam a hora certa de falar. “Há necessidade de cautela. Precisamos ter acesso aos inquéritos, mas eles falarão antes do juízo”, disse. A estratégia foi diferente da adotada na defesa de Zuccheratte, que, segundo os advogados, respondeu a todas as perguntas do corregedor Herbert Fernandes e de três promotores de Justiça. Caso a corregedoria não peça a revogação da prisão de Zuccheratte ainda hoje, a defesa entrará com recurso na Justiça Militar.

Segundo defensores, Adelmo não teve participação nas mortes. Eles alegaram que o militar atuou como motorista no dia das mortes no aglomerado. “Não há nenhuma possibilidade de ele ter participado de esquema de extorsão. Era a segunda vez que trabalhava com a guarnição. O Zuccheratte atuava no setor de informática do Batalhão de Choque e estava na função de motorista apenas como folguista. Ele não pode ser tratado como bandido. Ele estava em outro local, isso dá para provar ao rastrear o GPS da viatura”, disse o advogado Domingos Sávio de Mendonça, que entrou ontem no caso. Três promotores acompanharam o depoimento e disseramnão haver pedido da revogação da prisão.

Apesar de o nome de Adelmo não constar da ocorrência, ele não desconhece o que se passou no aglomerado. Em entrevista ao Estado de Minas, horas depois das mortes, ele afirmou em relação às vítimas: “Morreram não, foram para o inferno.” A frase foi relatada no mesmo dia ao chefe do Comando Especializado da Capital (CPE), coronel Antônio Carvalho, que tratou a afirmação como mera exaltação de policial.

Os três militares estiveram ontem na Corregedoria da Policia Militar, no Centro da capital. Eles chegaram em horários diferentes, com até quatro horas de atraso. Jason foi o primeiro a chegar e preferiu o silêncio, alegando que só falaria em juízo. Por volta das 11h, Jonas compareceu ao órgão e usou da mesma estratégia. “Os dois têm de ser ouvidos no Tribunal do Júri. Diante da declaração do secretário de estado de Defesa Social, Lafayette Andrada, que os chamou de marginal sem ter provas, os seus subordinados vão atuar com imparcialidade, ou seja, a corregedoria não é parcial para o trabalho”, disse o advogado Ricardo Guimarães.

SUICÍDIO Foi a segunda vez que Adelmo, Jason e Jonas foram à Corregedoria da PM. Na sexta-feira, eles iriam depor, mas ficaram abalados ao saber da morte do cabo Fábio de Oliveira. Preso como suspeito de envolvimento nas mortes do aglomerado, o cabo apareceu morto na manhã de sexta-feira. A versão policial dá conta de que ele teria se enforcado com o cadarço do calção que usava, pendurado no registro do chuveiro na cela. Ainda que o caso esteja sendo apurado, para o advogado dos militares, Ricardo Gil, não há dúvidas de que houve suicídio. “Não fui o último a vê-lo na prisão antes do ocorrido, mas vi o corpo dele na cela e ele se matou, sim”, alega. Depois disso, segundo Ricardo, as celas onde estão presos os três soldados foram vistoriadas e eles passam por acompanhamento psicológico. A hipótese de Fábio ter sido morto não foi descartada pela investigação.

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