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12/09/2013

Atualizado em 12/09/2013 09h49 'Saidinha de banco' de R$ 800 mil foi estopim para Operação Esopo da PF

Funcionário de Oscip IMDC teve R$ 820 mil levados em roubo em 2010.
Instituto é investigado em operação contra desvios de R$ 400 milhões.

Humberto Trajano Do G1 MG

Uma “saidinha de banco” em setembro de 2010, em Belo Horizonte, serviu como 'estopim' para que a Polícia Federal investigasse a organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC). O roubo de cerca de R$ 820 mil, que na época foi o maior em “saidinhas” de Minas Gerais, despertou desconfiança.


A Operação Esopo realizada pela Polícia Federal prendeu mais de 20 pessoas no país nesta segunda-feira (9), sendo 15 em Minas Gerais. Segundo a PF, a operação combate fraudes em licitações e desvio de recursos públicos. Em cinco anos, o prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$ 400 milhões, de acordo com as investigações.
Segundo relatório da Polícia Federal, o nome do IMDC já aparecia em um relatório do Controladoria Geral da União (CGU) entregue à PF sobre várias operações com suspeitas de irregularidades. Depois desse assalto com um valor mais alto, o instituto ganhou destaque e começou a ser investigado mais a fundo pela polícia.

No dia 10 de setembro de 2010, um funcionário do IMDC sacou R$ 820 mil de uma agência bancária na região da Savassi, em Belo Horizonte. Ele foi roubado quando entrava na sede do instituto, no bairro Funcionários. Dois homens em uma moto roubaram o dinheiro. Em novembro do mesmo ano, a quadrilha suspeita de cometer a saidinha foi presa – três homens e uma mulher. Segundo a Polícia Civil, a jovem era funcionária da agência e direcionava as possíveis vítimas a um grupo de criminosos. Essa jovem foi condenada pelo crime no início deste ano.

A investigação durou dois anos. A Polícia Federal diz, no relatório sobre a operação, que foram nove meses de escutas telefônicas dos investigados que trabalham no IMDC, com mais de 50 mil diálogos entre os envolvidos e terceiros. Segundo a corporação, "não foi identificada sequer uma única conversa relativa a prestação real de serviços pelo instituto". No relatório, a PF afirma ainda que todos os diálogos se referem a "licitações fraudulentas, emissão de notas fiscais frias, repasses e saques".
Deivson Vidal, presidente de instituto em MG, é suspeito de chefiar fraude (Foto: Reprodução/Polícia Federal) 
Deivson Vidal é suspeito de chefiar fraude
(Foto: Reprodução/Polícia Federal)
O presidente do IMDC, Deivson Oliveira Vidal, também é dono de outras duas empresas, sendo elas a Conquistar Consultoria Empresarial e Seven Empreendimentos. Segundo o relatório da PF, a consultoria não tem atividade e nenhuma das escutas do empresário durante os nove meses se refere à empresa. Mas, apesar disso, Vidal declarou à Receita Federal que seu milionário patrimônio provém da Conquistar. Para a polícia, a consultoria servia somente para "lavar dinheiro desviado da Oscip". Ele está preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropoltiana de Belo Horizonte.

Segundo as apurações, o jovem, de 32 anos, conseguiu mudar de vida rapidamente, tornando-se um milionário, com mais de R$ 6 milhões aplicados em um único investimento em um banco. De funcionário da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), que ganhava R$ 800, rapidamente ele passou a ser presidente de um instituto, que movimentava altos valores.

Esse rápido enriquecimento, segundo a polícia, se deu, justamente, devido a “negócios escusos” mantidos com o poder público. Apelidado pelos amigos de “prefeito”, habitué de baladas em famosas casas noturnas, ele se gabava, de acordo com as apurações, em dizer que gastou mais de R$ 3 mil em uma única noitada.

O G1 tentou entrar em contato, por telefone, com algum representante do IMDC, mas as ligações não foram atendidas. O advogado do suspeito ainda não foi identificado pela reportagem.
Operação Esopo
Entre os presos na Operação Esopo, há ex-prefeitos, empresários, os diretores da Oscip, e pessoas que ocupavam cargos de alto escalão em entidades.

O nº 2 do Ministério do Trabalho, Paulo Roberto Pinto, por exemplo, foi exonerado do cargo de secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Emprego. O decreto foi publicado nesta quarta (11) no Diário Oficial da União. Na terça, ele pediu demissão por estar sob investigação da Polícia Federal na operação Esopo.

 

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