Funcionário de Oscip IMDC teve R$ 820 mil levados em roubo em 2010.
Instituto é investigado em operação contra desvios de R$ 400 milhões.
Uma “saidinha de banco” em setembro de 2010, em Belo Horizonte,
serviu como 'estopim' para que a Polícia Federal investigasse a
organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) Instituto
Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC). O roubo de cerca de R$
820 mil, que na época foi o maior em “saidinhas” de Minas Gerais, despertou desconfiança.
A Operação Esopo realizada pela Polícia Federal prendeu mais de 20 pessoas
no país nesta segunda-feira (9), sendo 15 em Minas Gerais. Segundo a
PF, a operação combate fraudes em licitações e desvio de recursos
públicos. Em cinco anos, o prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$
400 milhões, de acordo com as investigações.
Segundo relatório da Polícia Federal,
o nome do IMDC já aparecia em um relatório do Controladoria Geral da
União (CGU) entregue à PF sobre várias operações com suspeitas de
irregularidades. Depois desse assalto com um valor mais alto, o
instituto ganhou destaque e começou a ser investigado mais a fundo pela
polícia.
No dia 10 de setembro de 2010, um funcionário do IMDC sacou R$ 820 mil
de uma agência bancária na região da Savassi, em Belo Horizonte. Ele
foi roubado quando entrava na sede do instituto, no bairro Funcionários.
Dois homens em uma moto roubaram o dinheiro. Em novembro do mesmo ano, a
quadrilha suspeita de cometer a saidinha foi presa
– três homens e uma mulher. Segundo a Polícia Civil, a jovem era
funcionária da agência e direcionava as possíveis vítimas a um grupo de
criminosos. Essa jovem foi condenada pelo crime no início deste ano.
A investigação durou dois anos. A Polícia Federal diz, no relatório
sobre a operação, que foram nove meses de escutas telefônicas dos
investigados que trabalham no IMDC, com mais de 50 mil diálogos entre os
envolvidos e terceiros. Segundo a corporação, "não foi identificada
sequer uma única conversa relativa a prestação real de serviços pelo
instituto". No relatório, a PF afirma ainda que todos os diálogos se
referem a "licitações fraudulentas, emissão de notas fiscais frias,
repasses e saques".

Deivson Vidal é suspeito de chefiar fraude
(Foto: Reprodução/Polícia Federal)
(Foto: Reprodução/Polícia Federal)
O presidente do IMDC, Deivson Oliveira Vidal, também é dono de outras
duas empresas, sendo elas a Conquistar Consultoria Empresarial e Seven
Empreendimentos. Segundo o relatório da PF, a consultoria não tem
atividade e nenhuma das escutas do empresário durante os nove meses se
refere à empresa. Mas, apesar disso, Vidal declarou à Receita Federal
que seu milionário patrimônio provém da Conquistar. Para a polícia, a
consultoria servia somente para "lavar dinheiro desviado da Oscip". Ele
está preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região
Metropoltiana de Belo Horizonte.
Segundo as apurações, o jovem, de 32 anos, conseguiu mudar de vida
rapidamente, tornando-se um milionário, com mais de R$ 6 milhões
aplicados em um único investimento em um banco. De funcionário da
Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), que ganhava R$ 800,
rapidamente ele passou a ser presidente de um instituto, que movimentava
altos valores.
Esse rápido enriquecimento, segundo a polícia, se deu, justamente,
devido a “negócios escusos” mantidos com o poder público. Apelidado
pelos amigos de “prefeito”, habitué de baladas em famosas casas
noturnas, ele se gabava, de acordo com as apurações, em dizer que gastou mais de R$ 3 mil em uma única noitada.
O G1 tentou entrar em contato, por telefone, com algum
representante do IMDC, mas as ligações não foram atendidas. O advogado
do suspeito ainda não foi identificado pela reportagem.
Operação Esopo
Entre os presos na Operação Esopo, há ex-prefeitos, empresários, os diretores da Oscip, e pessoas que ocupavam cargos de alto escalão em entidades.
Entre os presos na Operação Esopo, há ex-prefeitos, empresários, os diretores da Oscip, e pessoas que ocupavam cargos de alto escalão em entidades.
O nº 2 do Ministério do Trabalho, Paulo Roberto Pinto, por exemplo, foi exonerado do cargo de secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Emprego.
O decreto foi publicado nesta quarta (11) no Diário Oficial da União.
Na terça, ele pediu demissão por estar sob investigação da Polícia
Federal na operação Esopo.
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