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28/11/2012

Para liderança do Aglomerado da Serra, polícia 'acendeu estopim'

Hudson Carlos, o Ice Band, é mediador de conflitos e morador da comunidade.

Ele diz que há violações nas abordagens de alguns policiais no local.

Cristina Moreno de Castro

Do G1 MG


O clima já andava tenso entre moradores do Aglomerado da Serra e policiais militares que fazem a ronda de prevenção de crimes na região. A avaliação é do rapper Hudson Carlos de Oliveira, o "Ice Band", que mora no aglomerado e atua como mediador de conflitos e liderança na comunidade.

Segundo Ice Band, os conflitos entre os moradores e os policiais se intensificaram após a morte de um homem e seu sobrinho, em fevereiro do ano passado. Jéferson Coelho da Silva, de 17 anos, e Renilson Veriano da Silva, de 39, foram assassinados à queima-roupa por três PMs durante uma operação. Dois policiais vão a júri popular pelo crime, acusados de homicídio doloso.

"Os policiais já têm o respeito da comunidade, não precisam usar de violência. Mas tem policiais despreparados psicologicamente para fazer abordagens, já chegam com a arma na cabeça, estapeiam jovens. Há algumas violações, sim. O estopim estava pronto para ser aceso", disse Ice Band ao G1.

Para ele, nos últimos meses "estava tudo tranquilo" no aglomerado, até que policiais voltaram a fazer abordagens duras "para ganhar a moral que tinham perdido". "Houve uma abordagem malsucedida, qur tirou a vida de um cidadão e gerou instabilidade emocional na comunidade. Essa letalidade acendeu o estopim de novo", diz ele, explicando os protestos de parte da comunidade, que queimou e depredou ônibus, após a morte do servente de pedreiro Helenílson Eustáquio da Silva, de 24 anos, durante suposta troca de tiros com policiais na tarde da última segunda-feira (26) – uma forma de a comunidade "dar resposta e mostrar seu dissabor com alguns elementos da polícia", segundo o líder.

A morte de Helenílson está sendo apurada pela Corregedoria da PM. Um sargento foi preso.

O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar, que disse que apenas o tenente-coronel Alberto Luiz Alves poderia comentar as declarações. Até a publicação desta reportagem, às 12h30, Alves não atendeu às ligações.

Sem linhas de ônibus

Uma das consequências do conflito é que, até esta quarta-feira (28), três linhas de micro-ônibus continuam sem circular, prejudicando a vida dos passageiros do Aglomerado da Serra. A BHTrans confirma que as linhas 102 (Nossa Senhora de Fátima/Hospital Evangélico), 103 (Vila Cafezal/Rua Pouso Alto) e 107 (Vila Marçola/Rua do Ouro) não estão operando.


Além disso, as linhas 4102 (Aparecida/Serra), Suplementar 20 (Palmeiras/Serra), 4107 (Alto Caiçara/Serra), 9031 (Nossa Senhora de Fátima/Centro), 9204, 2102 (Gameleira/Serra) e 9106 (Sagrada Família/Serra) estão com trajetos incompletos ou desvios de rota, por causa dos bloqueios policiais em alguns acessos.


"É ruim para os moradores. Por muito tempo as pessoas tiveram que descer o morro a pé. Mas acabaram se acostumando com a comodidade do ônibus", diz Ice Band. Segundo ele, as escolas infantis e o comércio estão abertos normalmente.

 
O mediador de conflitos acredita que o clima de tensão esteja melhorando aos poucos. "Vai acalmar. Está chegando o clima de Natal. Não se consegue nada com a violência", concluiu ele.






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