Apesar de repetidos, massacres como o de ontem no Colorado emocionam tanto a população dos Estados Unidos que obrigam o presidente Barack Obama a cancelar uma viagem de campanha eleitoral. Os norte-americanos, que mantêm em casa muitas armas, não banalizam os homicídios, ao contrário do que se vê no Brasil. Parecem dispostos a matar e morrer, mas preferem ver isso em filmes, não na vida real.
Quem assiste, no Brasil, “Duro de Matar” e outros filmes produzidos em Hollywood, nos quais impera a violência, e lê que tais filmes se encontram nos rankings de audiências nos Estados Unidos, tem a impressão de que a violência faz parte da vida do americano comum. Não é verdade, mas ele gosta de histórias em que conflitos são resolvidos pelas armas e pela determinação inflexível do protagonista de vencer a qualquer custo.
Desse modo, a nova continuação de Batman, “O cavaleiro das trevas ressurge”, tem tudo para atrair o público norte-americano. Na pré-estreia em Aurora, subúrbio de Denver, o cinema estava lotado, nos primeiros minutos de ontem, quando um jovem atirador disparou suas armas, matando 12 pessoas e ferindo outras 59. Um caso inesperado até para o super-herói. Não havia mesmo como diferenciar aquele rosto na multidão, antes que a polícia descobrisse o assassino no estacionamento do cinema, se preparando para a fuga. Até então, era mais um, entre centenas de jovens que só queriam se divertir e comer pipoca no escurinho do cinema.
Não se sabe o que motivou o crime. Segundo a polícia, o suspeito abandonou em junho o curso de Medicina na Universidade do Colorado. Enquanto as investigações prosseguem, cuida-se de reforçar a segurança nas salas de cinema para as exibições de Batman. O show tem que continuar.
Desde abril de 1999, quando dois estudantes se suicidaram depois de matar 12 colegas e uma professora, no Instituto Columbine, a 32 quilômetros de Aurora, já foram registrados 32 casos, com 126 mortos no total e centenas de feridos nos Estados Unidos.
Desde abril de 1999, quando dois estudantes se suicidaram depois de matar 12 colegas e uma professora, no Instituto Columbine, a 32 quilômetros de Aurora, já foram registrados 32 casos, com 126 mortos no total e centenas de feridos nos Estados Unidos.
Os números impressionam, mas o país, com suas armas todas, é menos violento que o Brasil. Segundo o último relatório da Organização dos Estados Americanos, divulgado neste ano, ocorreram em 2010 quase 41 mil assassinatos no Brasil, para uma população de 190 milhões, e pouco mais de 14 mil nos Estados Unidos, com 308 milhões de habitantes.
Os massacres nos Estados Unidos repercutem mais que no Brasil. São espetaculares, como seus filmes.
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