Anastasia determina que a Polícia Militar não siga mais orientação de filtragem de estatísticas da segurança
A repercussão da reportagem, publicada com exclusividade Pelo Super Notícia, ontem, sobre a ordem da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) para que batalhões da Polícia Militar filtrassem os dados de criminalidade repassados à imprensa fez com que o governador Antonio Anastasia determinasse a revogação do memorando 5008.2/2012. O documento, elaborado no último dia 11 de janeiro e distribuído com novas orientações aos batalhões, anteontem, estabelecia que as estatísticas de violência no Estado só poderiam chegar ao conhecimento público desde que previamente analisadas pelo comando da segurança pública em Minas.
Em nota, a Secretaria de Estado de Governo (Segov) prometeu retomar, no próximo dia 27, a divulgação mensal de boletins sobre criminalidade violenta em Minas com a liberação de dados referentes a 2011.
A partir de agora, diz o comunicado, as estatísticas de homicídios, homicídios tentados, estupros, roubos e roubos à mão armada serão divulgadas mensalmente. Desde 2010, o governo não tornava pública qualquer estatística sobre criminalidade no Estado.
Pela manhã, o secretário de Estado de Defesa Social, Lafayette Andrada, admitiu, em entrevista coletiva, que houve aumento da criminalidade, de 2010 para 2011. "Recentemente os jornais vêm veiculando de maneira oficiosa um aumento da criminalidade em Minas Gerais em 2011. Nós queremos confirmar que houve esse aumento e os dados serão divulgados", disse.
Acompanhado de integrantes das cúpulas das polícias Civil e Militar, Andrada fez as declarações em resposta à reportagem do Super. O secretário, no entanto, havia dito que nada mudaria em relação às ordens de filtragem das informações liberadas à imprensa. Ele justificou que a centralização dos índices era uma forma de "evitar a divulgação de dados equivocados à imprensa".
Andrada considerou que houve "uma interpretação equivocada" do documento. "A determinação do memorando era para que não fosse feita a divulgação dos dados antes da compilação da Secretaria de Defesa Social". Especialistas consideraram a manobra uma forma de esconder estatísticas desfavoráveis ao governo.
Para o cientista político da Fundação Getúlio Vargas, especialista em segurança pública, Guaracy Mingardi, não há justificativa para a não publicação dos dados sobre violência. "A sensação de insegurança da população vem do desconhecimento. "Se não há transparência, a população não tem como cobrar", disse.
KARINA ALVES
Falta vaga para colocar suspeitos de envolvimento com o tráfico que foram presos
A repercussão da reportagem, publicada com exclusividade Pelo Super Notícia, ontem, sobre a ordem da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) para que batalhões da Polícia Militar filtrassem os dados de criminalidade repassados à imprensa fez com que o governador Antonio Anastasia determinasse a revogação do memorando 5008.2/2012. O documento, elaborado no último dia 11 de janeiro e distribuído com novas orientações aos batalhões, anteontem, estabelecia que as estatísticas de violência no Estado só poderiam chegar ao conhecimento público desde que previamente analisadas pelo comando da segurança pública em Minas.
Em nota, a Secretaria de Estado de Governo (Segov) prometeu retomar, no próximo dia 27, a divulgação mensal de boletins sobre criminalidade violenta em Minas com a liberação de dados referentes a 2011.
A partir de agora, diz o comunicado, as estatísticas de homicídios, homicídios tentados, estupros, roubos e roubos à mão armada serão divulgadas mensalmente. Desde 2010, o governo não tornava pública qualquer estatística sobre criminalidade no Estado.
Pela manhã, o secretário de Estado de Defesa Social, Lafayette Andrada, admitiu, em entrevista coletiva, que houve aumento da criminalidade, de 2010 para 2011. "Recentemente os jornais vêm veiculando de maneira oficiosa um aumento da criminalidade em Minas Gerais em 2011. Nós queremos confirmar que houve esse aumento e os dados serão divulgados", disse.
Acompanhado de integrantes das cúpulas das polícias Civil e Militar, Andrada fez as declarações em resposta à reportagem do Super. O secretário, no entanto, havia dito que nada mudaria em relação às ordens de filtragem das informações liberadas à imprensa. Ele justificou que a centralização dos índices era uma forma de "evitar a divulgação de dados equivocados à imprensa".
Andrada considerou que houve "uma interpretação equivocada" do documento. "A determinação do memorando era para que não fosse feita a divulgação dos dados antes da compilação da Secretaria de Defesa Social". Especialistas consideraram a manobra uma forma de esconder estatísticas desfavoráveis ao governo.
Para o cientista político da Fundação Getúlio Vargas, especialista em segurança pública, Guaracy Mingardi, não há justificativa para a não publicação dos dados sobre violência. "A sensação de insegurança da população vem do desconhecimento. "Se não há transparência, a população não tem como cobrar", disse.
Manobra é confirmada
A denúncia de que policiais civis e militares estão sendo coagidos a "maquiarem" dados de violência em Minas foi confirmada ontem por integrantes das duas corporações. Sem revelar os nomes com medo de represálias, duas fontes deram detalhes e provas de como a manobra ocorre. A reportagem teve acesso a três boletins de ocorrência nos quais os relatos das vítimas sobre roubos à mão armada foram classificados como extorsão antes de serem incluídos no banco de dados do sistema de estatísticas do governo. Em um dos boletins, a funcionária de uma lanchonete na região Centro-Sul conta que foi assaltada por um homem armado que invadiu o estabelecimento e levou o dinheiro do caixa. O fato, ocorrido em outubro, foi registrado como extorsão. "Esse era um nítido caso de roubo, muito conhecido pela população. Já a extorsão é constranger alguém por meio de ameaça ou violência para se obter uma vantagem", explicou o advogado Adilson Rocha. Um policial revela que delegados e comandantes da PM são obrigados a se reunir a cada dois meses para fazer "um acordo de resultados". (Ricardo Vasconcellos)
Pelo menos 111 pessoas suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas foram presas ontem em uma operação conjunta das polícias Civil e Militar, em Belo Horizonte e na região metropolitana, para reduzir a violência no Carnaval. A operação envolveu 1.600 homens e 400 viaturas. A prisão em massa, no entanto, esbarra no problema da superlotação carcerária. O Estado não tem onde colocar os presos. Nesta semana, a Justiça determinou a suspensão do envio de mais detentos para o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) da Gameleira, uma das principais unidades para o acolhimento de presos em um primeiro momento. O secretário de Estado de Defesa Social Lafayette Andrada disse que "arranjaria uma solução". Até o início da tarde de ontem, segundo ele, não existia um plano de ação para resolver o problema.
"Há um equívoco de interpre-tação"
Lafayette Andrada Secretário de estado de defesa social
O que o senhor tem a dizer sobre o memorando enviado aos batalhões da PM, que proíbe a divulgação dados sobre crimes violentos? Há um equívoco quanto à interpretação desse memorando. A determinação é para que não seja feita a divulgação antes da compilação dos dados pela Seds, que serão divulgados após o Carnaval.
Mas qual o motivo dessa centralização? Sempre foi assim. Recebemos dados do Estado inteiro. São inúmeras ocorrências e isso é feito para que não seja divulgado um dado equivocado.
A polícia prendeu hoje (ontem) mais de cem criminosos, um dia após a suspensão do uso do Ceresp Gameleira devido aos problemas de superlotação. Onde essas pessoas ficarão? Estamos acatando a decisão da Justiça de não mandar presos para o Ceresp Gameleira. Vamos ter que dar um jeito.
Mas já existe um plano de ação? Não.
Mas qual o motivo dessa centralização? Sempre foi assim. Recebemos dados do Estado inteiro. São inúmeras ocorrências e isso é feito para que não seja divulgado um dado equivocado.
A polícia prendeu hoje (ontem) mais de cem criminosos, um dia após a suspensão do uso do Ceresp Gameleira devido aos problemas de superlotação. Onde essas pessoas ficarão? Estamos acatando a decisão da Justiça de não mandar presos para o Ceresp Gameleira. Vamos ter que dar um jeito.
Mas já existe um plano de ação? Não.
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