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24/07/2013

‘Meu mundo desmoronou’, diz irmã de Bianca durante julgamento

Daiana Consoli, esposa do réu à época, é a terceira a depor nesta quarta.
O motoboy Sandro Dota é acusado de matar a cunhada em 2011.
Do G1 São Paulo














“Meu mundo desmoronou”, disse a irmã de Bianca Consoli, Daiana Ribeiro Consoli, durante o segundo dia de julgamento de Sandro Dota, na tarde desta quarta-feira, no Fórum da Barra Funda, na Zona Norte de São Paulo. O réu, marido de Daiana à época do crime, é acusado de estuprar e matar Bianca por asfixia em 2011, na Zona Leste de São Paulo, porque ela se recusou a fazer sexo com ele, segundo acusação do Ministério Público.

Dota, que está preso preventivamente, nega o crime. Ele é julgado por um júri formado por quatro homens e três mulheres. O depoimento de Daiana começou às 15h10. A irmã de Bianca chorou enquanto era interrogada pela juíza Fernanda Afondo de Almeida. A defesa pediu permissão à juíza para que Dota deixasse o júri durante este depoimento porque estaria emocionado, segundo o advogado de defesa, Ricardo Martins de São José Júnior.
Daiana conheceu Sandro ao visitar o marido, internado em uma clínica para dependentes de drogas. Ao saber do relacionamento entre Sandro e Daiana, o marido dela se matou.
Entre as pessoas que foram ao Fórum para assistir ao júri nesta quarta estava Carla Cepollina, absolvida em 2012 no mesmo fórum da acusação de assassinar o coronel Ubiratan Guimarães, em 2006.
Ferimentos
O segundo dia começou por volta das 10h40 com o depoimento da perita do Instituto Médico Legal (IML), Angélica de Almeida. Ela contou sobre os ferimentos que encontrou no corpo de Bianca no exame necroscópico. Ela foi bastante questionada pela acusação e pela defesa sobre a possibilidade Bianca ter sido estuprada e disse que “não é possível dizer de forma inequívoca que sim nem que não”.
Ela afirmou ainda que as características dos ferimentos permitem fazer uma estimativa de que os ferimentos seriam resultantes de luta corporal ocorrida até 12 horas antes da morte.
Em seguida veio o depoimento de outra testemunha de defesa, Bruno Barranco, namorado de Bianca à época, que afirmou que estava trabalhando no dia dos fatos. Segundo a promotoria, a folha de ponto e vídeos da empresa onde ele trabalha foram coletados durante a investigação para descartar qualquer possibilidade da participação de Bruno no crime. A defesa, por sua vez, tentou explorar possíveis contradições no depoimento prestado por Bruno nesta quarta e à polícia, durante a investigação.
Bruno afirmou também Bianca já havia feito comentários sobre Sandro. "Bianca me disse uma vez que Sandro já havia mexido com ela”, disse. Afirmou ainda que Bianca se queixava. “Reclamava da vida. Do lugar que morava. Queria coisa melhor”, afirmou. Disse ainda que pagava um site de busca de empregos na internet para ajudar a jovem a arrumar um emprego.
O segundo dia foi marcado por discussão entre o promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior e o advogado Ricardo Martins de São José Júnior. Pereira Júnior. Pereira Júnior reclamou por diversas vezes das interrupções do advogado de defesa. A juíza chegou a determinar um intervalo em um dos interrogatórios para que o clima se acalmasse.
Primeiro dia
O julgamento de Sandro Dota teve início na terça-feira (23), com o depoimento de três das 17 testemunhas arroladas por defesa e acusação: Marta Maria Ribeiro, mãe de Bianca Consoli; a delegada Gisele Aparecida Capello Lelo, primeira a presidir o inquérito; e Maurício Vestyik, investigador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHHP).
A mãe de Bianca chorou ao lembrar do momento em que encontrou a filha morta. "A primeira imagem que vi foi minha filha jogada no chão com a cabeça virada de lado. Pensei que ela tinha caído. O pescoço estava rígido e a cabeça dura", afirmou. "Saí desesperada e pedi a um vizinho que fizesse massagem cardíaca nela. Quando ele fez a massagem, saiu uma sacola plástica da boca dela", contou. Bianca foi apontada pela mãe como uma jovem responsável e trabalhadora e que dizia reservadamente que ela não gostava do cunhado.
Marta afirmou que ouviu de uma amiga de infância da vítima que Sandro a assediava. Essa amiga de Bianca, testemunha protegida, desistiu de depor nesta terça-feira e alegou ter sido ameaçada por telefone por Sandro, que está preso.
A segunda testemunha a depor na terça-feira foi a delegada Gisele Aparecida Capello Lelo, a primeira a presidir o inquérito. Ela relatou ter ouvido de uma testemunha o relato de que Sandro se insinuava para a cunhada. Chamada a falar pela defesa do réu, a delegada disse que indiciaria Sandro mesmo sem o exame de DNA, primeiro por causa do comportamento agressivo dele e depois, pelo fato de ser mulherengo.
Maurício Vestyik, investigador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHHP), foi o terceiro a depor. "Os demais suspeitos apresentaram álibis plausíveis, menos o Sandro", declarou o policial civil perante o júri.
Das 17 testemunhas  arroladas - sete pela acusação, sete da defesa, duas comuns às partes e três do juízo, quatro tinham sido dispensadas até a manhã desta quarta. Após o final dos depoimentos ocorrerá o interrogatório do réu. Em seguida, terá início a fase dos debates entre o promotor e o advogado de defesa, com uma hora e meia de fala para cada um. Outro advogado, Cristiano Medina da Rocha, que defende os interesses da família de Bianca, também poderá falar como assistente da acusação. Em caso de réplica e tréplica, será acrescida mais uma hora.
Na sequência dos atos, os jurados se reúnem numa sala secreta para votar se o acusado é culpado ou inocente e se deverá ser condenado ou absolvido pelos crimes atribuídos a ele. Após a contagem dos votos, a juíza dará a sentença de condenação ou absolvição. No primeiro caso, caberá a ela estipular a pena. A previsão inicial era de que o júri duraria três dias
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