Municípios da região mais devastada pela chuva contam apenas com verba emergencial e solidariedade
Em Guidoval, o vaivém de caminhões, levanta a poeira deixada pelas águas barrentas do rio Xopotó
GUIDOVAL – Quase dois meses após os temporais de janeiro, os sinais de devastação ainda são fortes nos 66 municípios da Zona da Mata, que decretaram situação de emergência.
Na região do Estado mais afetada pela chuva, comunidades se mobilizam em um esforço conjunto e difícil para restabelecer a normalidade. Até agora, prefeituras e moradores só contam com recursos emergenciais e muita solidariedade para reconstruir casas, ruas, pontes e as próprias vidas.
Na pequena Guidoval, de apenas 7,4 mil habitantes, que, entre 2 e 8 de janeiro, viveu a pior enchente da história, o cenário ainda é desolador. O vaivém de caminhões, que recolhem lixo e entulho da cheia, levanta a poeira deixada pela passagem das águas barrentas do rio Xopotó, que subiram 15 metros acima do nível normal.
Terrenos vazios em vários pontos da cidade indicam que a demolição foi a única opção para muitos moradores que viram suas residências invadidas pela força das águas.
Em muitas fachadas, as marcas do rio estão próximas ao teto e estampam uma dura lembrança para a população. Na rua Sete de Setembro, no Centro, principal via do comércio, algumas lojas ainda não foram reabertas.
Por outro lado, a escola Antônio Barbosa Neto, onde estudam 800 alunos, e o posto de saúde, tomados pelas águas, estão funcionando. “A intenção é mudar alguns espaços públicos de endereço para não perdemos tudo novamente”, disse o prefeito Hélio Lopes dos Santos (PSD).
A oferta de serviços básicos, ausentes durante a cheia, como energia elétrica, telefone, banco e água potável, já foi normalizada.
O marco principal do município, na tentativa de voltar à rotina, é a ligação entre as duas margens do rio Xopotó, que divide o município. Com a cheia, a principal ponte da cidade foi arrastada pelas águas. Em 14 de fevereiro, o Exército concluiu a construção de uma estrutura metálica provisória, permitindo a travessia de veículos com até 45 toneladas.
Na população, o sentimento que predomina ainda é o da tristeza, quase sempre superado pela necessidade de recomeçar, muitas vezes, do zero. Para quem perdeu tudo, como a moradora Aparecida do Carmo Faria, de 51 anos, resta apenas esperar. A casa dela, no bairro Pedra Branca, foi praticamente levada pelo rio Xopotó. Condenada, a residência não poderá ser reerguida.
Aparecida, a mãe e uma irmã estão vivendo com parentes em uma casa da mesma rua, enquanto esperam uma solução. “Recebemos ajuda na alimentação, mas precisamos sair daqui”, afirma a moradora.
Tags: reconstrução, prejuízos, chuvas, Zona da Mata
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