Justiça manda PF fazer diligências para apurar ligação entre militares e prefeito de Santa Inês
26/11/2014 às 00h10
Alvaro Magalhães e Josmar Jozino
Policiais militares do Estado de São Paulo são suspeitos de formar
milícia na cidade maranhense de Santa Inês, a 250 km da capital São
Luis, para coagir eleitores e dar suporte ao atual prefeito, José de
Ribamar Costa Alves (PSB). A PF (Polícia Federal) apura o caso.
Entre os investigados está um PM da Rota ameaçado de morte pelo PCC
(Primeiro Comando da Capital). O PM se envolveu em uma suposta
perseguição e assassinato de um integrante da facção, em janeiro de
2012, em São Bernardo do Campo, no ABC. Esse episódio deu origem à
matança de policiais promovida pelo crime organizado naquele ano, quando
foram assassinados 102 policiais no Estado.
Outro militar tentou candidatar-se a deputado neste ano. Apesar da suspeita, os dois foram promovidos no primeiro semestre.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo abriu processo para apurar a conduta dos policiais. O R7 procurou,
na segunda (24) e na terça-feira (25), com a Prefeitura de Santa Inês,
no Maranhão, mas não conseguiu contato com o prefeito.
O esquema começou a ser investigado em 6 de outubro de 2012, dia das
últimas eleições municipais, quando quatro PMs paulistas foram detidos
em Santa Inês, pela Polícia Militar do Maranhão, após serem flagrados
com armas da corporação paulista sem os documentos necessários.
Embora possuam porte de arma, os PMs não estavam com o registro do
armamento e nem com a autorização da PM para transportá-la ao Estado.
Foram, então, levados à delegacia da Polícia Civil de Santa Inês e
indiciados o cabo C.A., e os soldados J.C., R.C. e R.A. Todos foram
liberados depois de pagar fiança.
Eleitores coagidos
De acordo com três fontes da Polícia Civil maranhense ouvidas
separadamente pelo R7, a denúncia que levou à abordagem dos PMs dava
conta de que eles estavam ameaçando eleitores. Os policiais também foram
flagrados com material de campanha de Ribamar Alves, que na época
disputava a prefeitura, e uma lista de nomes.
Além de responderem pela posse de arma, no fim doas investigações os
policiais acabaram indiciados pelo artigo 301 do código eleitoral, que
consiste em “usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a
votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido”.
Ainda conforme a Polícia Civil, os militares paulistas estariam atuando
na região havia ao menos uma semana. Policiais maranhenses já teriam
visto o grupo, até então desconhecido, em áreas rurais da cidade. Santa
Inês tem cerca de 90 mil habitantes.
Os investigadores apuraram que ao menos 20 policiais paulistas teriam
agido na cidade. Além dos quatro suspeitos, um policial civil e um
quinto PM foram detidos. A Polícia Civil maranhense, porém, não
encontrou provas contra eles.
Polícia Federal
Após ser encaminhado ao Tribunal de Justiça do Maranhão, o inquérito
que foi remetido à Justiça Eleitoral. Em junho desse ano, parecer da
Procuradoria Eleitoral pediu novas diligências.
O caso foi enviado à PF. Agentes federais informaram que foi instaurado
um inquérito para prosseguir as investigações. As apurações estão sob a
responsabilidade da Delinst (Delegacia de Defesa Institucional).
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