Eleição 2014

Eleição 2014

23/12/2012

Empresária encontrada após 2 dias foi vítima de crime, diz delegada

Andrea Machado foi encontrada com vida, mas em estado de desorientação

Cíntia Paes


Do G1 MG
delegada, indícios no carro sugerem algum crime contra a mulher.
Delegada Cristina Coeli, em entrevista Foto: Cíntia Paes/G1
A delegada titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas de Belo Horizonte, Cristina Coeli, disse neste domingo (23) que vestígios levam a crer que a empresária que foi encontrada neste sábado (22) com vida após dois dias desaparecida tenha sido vítima de um crime. Andrea Elizabeth Ferreira Ambrosio Machado, de 49 anos, sumida desde a noite da última quinta-feira (20), foi encontrada por volta das 20h deste sábado, no bairro Novo Amazonas, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ela foi socorrida em um hospital na cidade, em estado de desorientação e surto, mas sem ferimentos aparentes
"Então, os vestígios sugerem que ela foi vitima de um crime. Agora, se você me pedir para classificar o crime, eu vou dizer que estamos aguardando o decorrer da investigação porque ela não teve condições de ser entrevistada. Porque nós temos várias modalidades criminosas", disse a delegada.


Empresária desaparece em Belo Horizonte

(Foto: Divulgação/Polícia Civil de Minas Gerais
Andrea saiu de casa na noite de quinta (20), para tentar encontrar seu cachorro de estimação, que estava desaparecido. Ela estava fazendo a busca com seu carro, um Picasso Citröen preto. Segundo a delegada, ela estabeleceu contato com uma pessoa conhecida pela última vez às 21h. E às 23h22 foi gravada pelo sistema de segurança deixando um estabelecimento comercial, após, segundo a família, fazer um saque de R$ 300. A delegada disse que ainda não foi possível confirmar o saque, porque o banco já estava fechado. Depois disso, Andrea só voltou a ser reconhecida em Betim, dois dias depois.

Quando foi encontrada, de acordo com a delegada, Andrea usava as mesmas roupas do momento de seu desaparecimento. A blusa estava rasgada nas costas, mas ela não apresentou nenhuma lesão aparente, segundo o médico relatou a Cristina. A delegada ainda disse que a empresária teve dificuldades em reconhecer os familiares no hospital, e que reagiu com atitudes de defesa à aproximação de Cristina. "Quando eu aproximei dela, não só eu como a família, ela reconhecia os familiares com certa dificuldade, e ela se posicionava em defesa. Ela apresentava muito temor, estado de choque. Ela estava muito atemorizada e os gestos, eram em posição de defesa" contou.
"O celular dela foi encontrado, mas sem o chip, debaixo do banco dianteiro. O veículo, segundo o marido, foi entregue a ela no dia do evento, no dia 20, tinha acabado de ser lavado, e com o tanque de combustível cheio. O carro foi encontrado na reserva, e ele estava todo sujo, como se tivesse trafegado em via não-pavimentada. A posição do retrovisor não é a posição costumeira", relatou a delegada sobre o carro. Andrea foi identificada por uma pessoa que passava pelo bairro Novo Amazonas, e a reconheceu após a divulgação do caso na imprensa. Ela estava em estado de desorientação, e dizia que precisava encontrar seu cachorro.

 
Cristina Coeli disse que, segundo a família, além das pistas no carro, dois procedimentos serão fundamentais para o esclarecimento do ocorrido. O exame toxicológico, para tentar explicar o estado desorientação, e a entrevista da própria empresária. "Em 12 anos de Delegacia de Pessoas Desaparecidas, eu ainda não havia encontrado um desaparecido com vida no estado psíquico em que eu a encontrei. Ela realmente apresentava um surto psicótico, essa palavra nem me cabe dizer porque é fora da minha área. Mas conversei com o médico que prestou socorro e ele mencionou a palavra surto, e era visível".

Ainda de acordo com a delegada, os familiares de Andrea contaram depois que ela falou em cinco homens que a cercaram e perguntava sobre o cachorro - que foi entregue na casa dela por uma vizinha na sexta (21). "Ela conseguiu conversar, mas de forma incoerente. De um assunto para outro, e entre esses assuntos. Ela perguntou onde estava o cachorrinho, ela precisava se deslocar com o cachorrinho para o mar. Ela falou 'eu fui cercada, cinco homens, eu tentei...' Veja bem, são palavras desorientadas", ressaltou.


Cristina Coeli disse que o suposto dinheiro do saque não foi encontrado. Mas que a família não relatou, de imediato, a falta de nada importante dentro do carro, a não ser o chip do celular.

Agora, com o aparecimento da empresária, a investigação do crime será conduzida pela Delegacia de Betim. O carro de Andrea foi encaminhado para perícia, para verificação de todos os indícios, principalmente as impressões digitais. A empresária foi tranferida de hospital pela família, e levada para uma unidade de saúde não revelada.


O G1 entrou em contato com o irmão dela, mas o celular estava desligado.

Encontro

De acordo com o relato do sargento Duarte ao G1, ela foi encontrada por duas pessoas que estavam em um ponto de ônibus e viram uma mulher "cambaleante" do lado de fora de um Picasso Citröen preto. As pessoas acionaram o 190 e uma viatura se deslocou para o local, onde reconheceu a empresária desaparecida.


Segundo o sargento, ela não soube dizer o que aconteceu, estava muito abalada, "grogue", ainda preocupada com o cachorro. Ele disse ainda que havia recipientes de comprimidos no carro e que ela não aparentava ter nenhuma lesão no corpo.


Andrea é fundadora de uma entidade não-governamental, o "Projeto Fred", criada em 1998, que ministra aulas de tapeçaria e outras atividades artísticas em comunidades carentes.


Desaparecimento

Nesta tarde de sábado, a delegada Cristina Coelli dava a ocorrência como "desaparecimento enigmático". Ela disse ao G1 que trabalhava com várias hipóteses, como os crimes de sequestro, latrocínio, homicídio e até o desaparecimento voluntário.


Andrea tinha sido vista pela última vez às 23h22 da quinta-feira (20), quando sacava R$ 300 no caixa eletrônico de uma drogaria na Avenida Abílio Machado, no bairro Alípio de Melo. Pelas imagens das câmeras, havia duas pessoas próximas à empresária, mas não se podia dizer se ela estava acompanhada ou sozinha.

De acordo com as investigações, Andrea saiu do trabalho, em Contagem, por volta das 17h30. Chegando em casa, no bairro Castelo, região da Pampulha, foi ajudar a procurar por seu cachorro, que havia fugido. Ela estava com um carro Picasso Citröen preto. Às 20h, ligou para uma amiga, falando que continuaria a procurá-lo, porque o cão ainda não tinha sido encontrado. Às 21h, após se encontrar com um amigo nas proximidades, disse a ele que voltaria para casa. Mas nunca mais chegou em sua casa e, depois desse horário, só foi vista fazendo o saque na drogaria. O amigo que se encontrou com ela disse que tentou contatá-la ainda às 21h50, mas o telefone já estava desligado. "Esta lacuna [entre 21h e 23h22] é o que nos preocupa", disse a delegada Cristina no sábado

Nenhum comentário:

Postar um comentário