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28/02/2011

Blusa é pista para desvendar morte de menina

Lindinauva de Jesus no velório da filha,
morta aos 7 anos de idade


Laudo inicial aponta que Ranya, 7 anos, morreu em consequência de hemorragia interna por causa de abusos

Thiago Lemos - Repórter - Hoje em Dia

A menina Ranya Oliveira Lima, 7 anos, pode ter morrido em consequência de hemorragia interna provocada pelos abusos sexuais sofridos durante os dias em que ficou desaparecida. O corpo da garota foi encontrado na manhã do último sábado, a 100 metros da casa onde morava com a família, no Bairro São Benedito, em Santa Luzia, na Grande BH. Ranya ficou quatro dias desaparecida. Uma blusa que a menina vestia quando foi encontrada é uma das pistas da polícia para se chegar ao assassino da garota.

Neste domingo (27), o corpo de Ranya foi sepultado no Cemitério do Carmo, em Santa Luzia. Durante a despedida, e ainda abalada, a mãe da criança, a diarista Lindinalva de Jesus Oliveira procurava uma explicação para a morte da filha. “Não sei quem pode ter feito uma monstruosidade dessa”, afirmou.

Com medo de que o criminoso faça mal a seus outros dois filhos, de 12 e 9 anos, a diarista decidiu tirá-los de casa. Ela ainda pensa em se mudar do bairro. Vizinhos que durante os quatro dias se mobilizaram para encontrar a menina distribuindo folhetos e vasculhando lotes da região também prestaram homenagens à menina.

O delegado Cristiano Xavier, que preside as investigações, considera a blusa uma das pistas mais importantes para se chegar ao assassino. Ele vai mostrar a peça de roupa para vizinhos da menina na esperança de que eles apontem o verdadeiro dono. Conforme o delegado, o fato de o criminoso possuir uma blusa de criança indica que ele possa ter filhos, o que amplia o leque de suspeitos.

“A menina usava um blusa azul clarinha quando desapareceu, mas foi encontrada com outra da mesma cor, só que mais escura e com manga 3/4. Já conversei com a mãe dela e ela afirmou que a peça não pertencia a menina”, contou o delegado.

Os moradores da região serão ouvidos a partir de segunda-feira (28) na delegacia. Entre eles está uma mulher com quem a mãe da menina teve um desentendimento há cerca de três meses. A mulher é companheira de um dos dois suspeitos já ouvidos pela polícia e liberados por falta de provas. No entanto, os suspeitos, que negaram o crime, tiveram o material genético coletado. A amostra será comparada com vestígios de sêmen encontrados no corpo da vítima. A ficha e a vida pregressa de moradores da região também serão levantadas, e será verificado se algum deles tem histórico de crime sexual.

Apesar da hipótese levantada por familiares da menina de que o crime tenha sido motivado por vingança, o delegado descarta inicialmente essa possibilidade e acredita que o assassinato teve caráter sexual. O fato de a menina ter sofrido hemorragia interna, ainda de acordo com Xavier, sinaliza que ela pode ter sido estuprada durante os quatro dias em que esteve em poder do criminoso.

O delegado esteve no velório e ouviu de uma testemunha a informação de que na madrugada de sábado um homem foi visto carregando um saco preto próximo ao local onde o corpo foi localizado. Para o policial, a informação faz sentido, já que há indícios de que o autor estava a pé. Chama ainda a atenção o fato de o assassino ter deixado o corpo em um local visível, a cerca de 100 metros da casa dela. “A região é cheia de matagais e ele poderia ter tentado esconder o corpo de alguma forma. Isso pode demonstrar que a intenção do criminoso não era de matar a vítima, e ele pode ter se arrependido”, disse o delegado .

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