Sátira.Advogado do presidente da Câmara entrou em contato com o autor para informar risco de dano moral
Música sobre gastos do vereador com lanche fez sucesso na internet ontem
Publicado no Jornal OTEMPO
ALINE LABBATE
O que era para ser uma brincadeira de Carnaval virou uma polêmica com direito a ameaças de processo na Justiça. A marchinha "Na coxinha da madrasta", composta pelo músico belo-horizontino Flávio Henrique, incomodou o "homenageado" Léo Burguês (PSDB), presidente da Câmara Municipal.
Mesmo de férias nos Estados Unidos, o vereador tucano acionou o advogado, que entrou em contato com o autor. Por volta das 19h dessa sexta-feira, o músico recebeu a notícia de que Burguês não estava nada satisfeito com a sátira.
"O advogado me disse que a marchinha estava causando dano moral ao vereador", contou. Flávio também procurou seu advogado, que o aconselhou a retirar a música da internet até que a letra fosse cuidadosamente analisada.
A composição foi inspirada em matéria do jornal O TEMPO publicada em 16 de janeiro. A reportagem revelou gastos de Léo Burguês com lanches comprados na minimercearia de sua madrasta com a verba indenizatória da Câmara. O presidente da Casa gastou, em média, R$ 1.500 por mês em salgadinhos desde agosto de 2009.
O áudio da marchinha foi divulgado ontem nas mídias sociais e, em apenas 13 horas, já havia sido compartilhado por quase 500 pessoas no Facebook e somava mais de 150 citações no Twitter. Segundo Flávio Henrique, a composição foi feita para ser inscrita no concurso de marchinhas da Banda Mole para o Carnaval de Belo Horizonte.
"Como eles deixam divulgar a marchinha antes da hora, eu coloquei na internet, mas não imaginei que ia causar essa confusão toda", afirmou, deixando claro que não tem nenhum interesse político no tema.
"Eu disse para o advogado que tudo era só uma brincadeira, que tem que ter bom humor. Quem levantou o fato foi a imprensa. Eu só fiz uma brincadeira", defendeu-se, indignado.
Flávio Henrique, que é músico profissional e já lançou seis discos durante a carreira, estava em São Paulo quando foi surpreendido pela ligação do advogado do vereador. "Quem vai julgar o Léo Burguês é a população, não sou eu. Eu estava repercutindo uma matéria. Não estou a serviço de ninguém, não ganhei um tostão para fazer isso. É para ser algo jocoso, só isso".
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