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25/05/2012

BH vive 'hora do pânico' de 18 às 6h, quando 70% dos homicídios acontecem

População reclama da falta de policiamento quando a noite cai e transforma a cidade em território de ninguém


CARLOS ROBERTO
bh insegura
Assaltantes atacam moradores nas ruas ermas, escuras e sem policiamento


Quando a noite cai, Belo Horizonte vira um território de ninguém, onde os bandidos saem para furtar, assaltar e, em alguns casos, matar. Nas ruas, a população reclama da falta de policiamento e se sente desprotegida. Casos como o da universitária Bárbara Quaresma Neves, de 22 anos, assassinada a sangue frio no bairro Cidade Nova, por volta das 20h de quarta-feira (24), são comuns na capital.

Segundo os dados de criminalidade da Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds), em 2010 – último ano de estudo disponível no site do órgão –, 70% dos homicídios ocorreram entre a noite e a madrugada (das 18h às 6h). Dados de 2011 e 2012 não foram fornecidos pela Seds.

O comandante do policiamento da capital, coronel Rogério Andrade, não admite que haja menos policiais nas ruas neste horário. Ele afirma que existe um efetivo fixo nos turnos da manhã, tarde e noite e que os acréscimos dependem da demanda. Mas, na região hospitalar, por exemplo, o efetivo é maior no horário comercial, conforme informou ao Hoje em Dia, na última terça-feira, a comandante da 3ª companhia, capitã Elizângela Ramos, responsável pelo policiamento no local. A justificativa, segundo ela, é que há mais pessoas nas ruas durante o dia.

Quem mora na região onde a estudante foi morta a tiros, na rua Tabelião Ferreira de Carvalho, diz que é refém da violência, já que o policiamento, principalmente à noite, seria pequeno. Uma mulher que mora no prédio vizinho onde a jovem foi assassinada contou que o marido e a filha foram abordados e tiveram o carro levado. “Nós vemos pouco policiamento na região. Sempre sabemos de carros roubados e pessoas assaltadas”, afirma.

O empresário e morador do Cidade Nova Fernando Ventura diz que tem medo de andar pelas ruas do bairro à noite. A imobiliária dele já foi assaltada. “Tenho um filho de 15 anos e não deixo ele sair na rua sozinho. Vou à academia somente de carro, não saio mais a pé à noite. Tive minha empresa invadida e coloquei grade nas portas e janelas”. Relatos de assaltos também são comuns em padarias e postos de combustível na região. A.P.J, gerente de uma padaria, afirma presenciou dois assaltos neste ano e cinco, em 2011.

O problema vai além do bairro Cidade Nova, conforme mostram os dados da Seds e reportagens recentes do Hoje em Dia. Na edição do dia 1º de maio, moradores dos bairros Anchieta, Cruzeiro, Sion, Carmo, Serra e Mangabeiras denunciaram o medo de saírem à noite. Vítimas de assaltos relataram que os ataques acontecem em função das ruas ermas, escuras e sem policiamento. Nesses bairros, de 1º de janeiro a 23 de abril, haviam sido registrados 309 furtos e roubos, média de quase três por dia.

Na região hospitalar, menores infratores e maiores de idade infiltrados entre eles vêm aterrorizando comerciantes e moradores. Quem passa pelo local à noite também reclama de não ver policiais militares. As viaturas passam esporadicamente e os furtos e roubos viraram rotina. Após várias denúncias de moradores e comerciantes, a Polícia Militar anunciou que iria ocupar a Praça Hugo Werneck.

Na última sexta-feira, uma mulher foi cercada por quatro jovens, aparentando 12 anos, que alegaram estar armados. A moça teve que entregar a bolsa com pertences e documentos, inclusive os óculos. “Eu bem que tentei argumentar, mas eles me ameaçaram. Várias pessoas viram e nada fizeram. Só depois chegaram e me ofereceram o celular para eu ligar para a polícia”, conta. Ela afirma que dias depois, viu os mesmo menores correndo pelas ruas. “O pior é a sensação de impunidade, de que me ameaçaram, levaram minas coisas e nada irá acontecer. Estamos por nossa conta e risco”, lamenta.
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Tags:  insegurança, BH, noite, PM, medo

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