Eleição 2014

Eleição 2014

15/10/2010

Quero ser o líder do PMDB na Câmarados Deputados

O ex-governador e ex-prefeito da cidade critica a postura do PT nas eleições. Antes mesmo da posse, trabalha para ser o líder do partido

O senhor se encontrou recentemente com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer. Qual foi o tema principal da conversa? Estou tentando viabilizar para Minas a liderança do PMDB nacional - para ser de Minas o próximo líder do partido na Câmara dos Deputados.

E como foi a receptividade? O que está ‘agarrando’ é que o Michel quer lançar o Henrique Alves para presidente do partido, já que ele é o líder do PMDB há muito tempo. Mas, mesmo assim, já comuniquei ao (Roberto) Requião (ex-governador do Paraná), que é meu amigo, a dois deputados da Bahia, que me apoiam, e à bancada de Minas. Ou seja, já iniciei as articulações e estou divulgando meu nome e minhas intenções.

E com relação ao segundo turno, como está seu envolvimento com a eleição da candidata Dilma Rousseff à Presidência da República? Eu fui a Brasília falar com o Michel que nós (PMDB) não vamos nos agregar ao PT. O partido não teve comando de campanha e então o nosso candidato desapareceu. Eles (PT) não fizeram campanha para o Hélio Costa. Então, nós resolvemos fazer as campanhas separadas. O Michel virá a Minas para fazer alguns contatos. Vamos mostrar a cara do PMDB.

Mas, evidentemente, vão pedir votos para Dilma. Claro. Nós estamos na chapa. Mas precisamos aumentar a votação, só que o PMDB trabalhou, e o PT fez o quê? Estive em Contagem e lembrei que Dilma teve um desempenho horrível na cidade e Hélio Costa perdeu a eleição. Por quê? Porque o PT não é de se engajar nas campanhas com o PMDB. Não se engaja em lugar nenhum. Já vi esse filme. Agora nosso partido vai mostrar a que veio. Vamos ajudar o PT, mas sem estar agregado.

Então o senhor acha que essa postura contribuiu para a derrota do Hélio Costa? É evidente. Não tem outra explicação. Foi o PT que foi o dono da campanha.

Isso também quer dizer que a aliança PT-PMDB enfrenta problemas em Minas? Para mim, não serve mais.

O nome do Patrus Ananias já foi lembrado para disputar a Prefeitura de Belo Horizonte em 2012. O PMDB então não vai caminhar junto? Eles querem tudo. Eles querem até disputar a eleição para papa. Não! Nós vamos lançar candidatura própria. Vamos procurar um candidato bom e vencer as eleições. O PT não é bom parceiro.

Numa provável vitória do José Serra, o PMDB poderia fazer algum tipo de composição política? Não, veja bem: estamos falando do quadro em Minas, a aliança em termos nacionais vai muito bem. O presidente Lula sabe que não governa sem o nosso partido. O Lula sabe que o PMDB foi parceiro. Na hora em que ele estava lá embaixo com a história do mensalão, o PMDB deu ao país a governabilidade. Somos um partido forte e nacionalista. Vamos dar apoio à área federal e, evidentemente, mostrando nossa força aqui em Minas.

E o senhor acha que a eleição da Dilma é boa para Minas? É boa por vários motivos. Porque ela está engajada nesse processo do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e comprometida com muitas obras no Estado. E o PMDB vai dar apoio político em Brasília porque estamos na chapa. O Michel não vai ser apenas um figurante. Ele é participante de governo. Não pense que ele vai ser igual ao Zé Alencar. Ele nunca vai ser um figurante, vai ser participante.

Na campanha estadual, a sua imagem foi associada de forma negativa à candidatura do Hélio Costa. Isso o constrangeu? Como o senhor avalia. Não. Fui eleito deputado sem pedir votos e fui o mais votado de meu partido. Não fui a lugar nenhum, a não ser duas vezes a Contagem. Fiz uma eleição sem gastar dinheiro e não saí por aí pedindo votos, tanto que não dormi fora de casa nem um dia.

Mas o uso da sua imagem de forma negativa na propaganda do PSDB não o constrangeu? Não. Acabou ajudando que eu fosse eleito sem ter de ficar ‘cabulando’ votos.

Como deputado, o senhor tem algum projeto específico? Chegar à liderança nacional do PMDB na Câmara. Mas é para defender os interesses de Minas, não é uma questão de vaidade pessoal. A liderança na Câmara pode carrear uma série de benefícios para o Estado.

O senhor tem boas relações com o senador eleito Aécio Neves? Ele é um bom nome e diferente da porção paulista do PSDB? O Aécio não vai influenciar mais no processo, e o Anastasia (governador reeleito) vai precisar muito de mim em Brasília. São duas coisas distintas: o Anastasia não pode viver sem as verbas de Brasília, as chamadas emendas de bancada. Vai precisar de mim! De mim não, do meu partido. Ele precisa de nós. Ele não vai querer combater o partido porque terá uma repercussão negativa. Se ele não se alinhar com o PMDB, não ajudar o partido em Minas, ele será barrado no baile em Brasília.

Maria Lúcia, sua ex-mulher, não conseguiu ser eleita deputada estadual depois de ser deputada federal. Faltou seu apoio? Não, foi falta de vontade política dela. Deputado é eleito quando quer.

Mas ela sempre contou com seu apoio. Eu tomei o espaço político dela. Eu tive mais de 100 mil votos, mas não fui ao Sul de Minas, não fui a nenhuma região do Estado nem saí pedindo votos. Fui só duas vezes a Contagem, onde fui prefeito e tenho muito carinho das pessoas. Eu respeitei meus colegas de partido. Poderia ter conseguido 200 mil, 300 mil votos, mas pra quê? Ficar antipatizado na bancada, para pisar nos outros? Isso não ébom para o partido e não dá retorno político. Então, eu estou muito bem com a bancada. Não atropelei ninguém, sou o mais votado e não gastei dinheiro como eles gastaram.

O senhor tem planos para tentar ser senador ou outro cargo? Não. Tenho planos para o PMDB de Minas ao reivindicar a liderança na Câmara. Quero melhorar nosso partido e fazê-lo entrar na sua linha natural.

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