Dos 19 requerimentos feitos à juíza Marixa Fabiane Lopes pela defesa dos réus, apenas dois foram atendidos
O goleiro Bruno durante audiência sobre o sumiço de sua ex-amante |
A audiência de instrução e julgamento do caso envolvendo o desaparecimento e homicídio de Eliza Samudio, realizada nesta sexta-feira (5) no Tribunal de Júri de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi marcada por embates acalorados e polêmicas entre os advogados de defesa e a juíza Marixa Fabiane Lopes. Antes do início do depoimento do policial civil Marcelo da Mata, arrolado como testemunha do juízo, a defesa impetrou nada menos que 19 requerimentos. Destes, apenas dois foram deferidos.
A defesa solicitou à juíza a revogação da prisão preventiva dos acusados de envolvimento no caso, a suspensão dos depoimentos dos reús, marcados para a próxima semana, além de requerer junto à magistrada para que reconsiderasse o depoimento dos delegados que participaram do processo investigativo, entre eles, Edson Moreira, Alessandra Wilke e Ana Maria dos Santos. A defesa também solicitou à Justiça o pedido de reinquirição do menor J., primo de Bruno, além de acesso ao depoimento do delegado Júlio Wilke, para fins de divulgação pública. Todos esses requerimentos foram indeferidos.
“Diante de tais pedidos, tenho certeza de que a defesa dos réus não conhece as provas do processo”, concluiu a juíza, destacando ainda que todo o material sempre esteve à disposição, no entanto, nenhum dos 17 advogados, até o momento, teria manifestado curiosidade de requerer ao escrivão o acesso a qualquer documentação.
O representante do Ministério Público, o promotor Gustavo Fantini, considerou a ação dos advogados de defesa uma manobra para atrasar o andamento dos trabalhos. Já para o advogado Ércio Quaresma, que representa os interesses do ex-goleiro do Flamengo, o processo deveria ser anulado imediatamente por entender que, apesar de o inquérito ter sido encerrado, as investigações sobre o caso ainda estavam em andamento, a cargo de policiais civis, fazendo uma referência às buscas pelo corpo da vítima, realizadas durante a semana em uma lagoa de Belo Horizonte. “Se a polícia ainda está procurando pelo corpo de Eliza, é porque o inquérito ainda não foi concluído”, assinalou.
Já entre os pedidos deferidos pela juíza estão a permissão para os advogados da defesa visitarem os réus na prisão com computadores e notebooks e o encaminhamento de um ofício ao Departamento de Investigações. O objetivo é permitir aos acusados o direito de acessar os acervos de imagens, gravações, entre outros arquivos que compõem o inquérito. Além disso, os advogados de defesa querem saber se a polícia ainda continua investigando o desaparecimento de Eliza Samudio. Além de Marcelo da Mata, o policial civil Vander Tavares Gomes também prestou depoimento, só que por meio de carta precatória, na capital. Ao fim da audiência, os advogados, em bloco, revelaram que pretendem pedir a anulação do processo e o afastamento da juíza, por entenderem que a magistrada se mostrou convencida da culpa dos réus ancorada nos autos do inquérito policial.
Na próxima semana, além de Bruno, mais oito acusados serão interrogados. São eles o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, Luiz Henrique Ferreira Romão, Fernanda Gomes de Castro, Dayanne Fernandes, Sérgio Rosa Sales, Wemerson Marques, Flávio Caetano dos Santos e Elenilson Vitor da Silva.
Busca de corpo de Eliza Samudio abrange diversos locais
Desde o sumiço de Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes, do Flamengo, a Polícia Civil de Minas Gerais vem tentando localizar o corpo da jovem. Diversas diligências foram realizadas nos mais diferentes lugares, mas todas sem sucesso.
No começo da investigação, no dia 28 de junho, a polícia foi até o sítio do jogador, no Residencial Turmalina, em Esmeraldas, Região Metropolitana de Belo Horizonte para realizar buscas no imóvel e em uma cisterna do condomínio.
Logo depois, em 30 de junho, investigadores da Polícia Civil foram até a Mata das Abóboras, às margens da BR-040, em Contagem, na RMBH, por indicação de testemunha na Delegacia de Homicídios de Contagem como sendo local de desova do corpo da moça, mas nenhuma evidência confirmou a denúncia.
Em 5 de julho, o Corpo de Bombeiros e as polícias Civil e Militar realizam novas buscas, desta vez na Lagoa Suja, entre os municípios de Contagem e Ribeirão das Neves, na RMBH. O local, próximo ao sítio do goleiro do Flamengo, foi apontado por denúncia anônima. Também foi feito uma varredura com cães farejadores na mata do entorno, mas nada foi encontrado. Um dia depois, os policiais e bombeiros retomaram as buscas no mesmo local e na Lagoa Várzea das Flores, novamente sem êxito.
No dia 7 de Julho, uma reviravolta. Com base no depoimento de um adolescente de 17 anos, primo do goleiro Bruno, a Polícia realizou buscas na casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola. Todo o quarteirão onde se localiza a residência, na Rua Araruama, em Vespasiano, na RMBH, chegou a ser interditado. À Polícia Civil, o menor, que teria participado do sequestro da jovem, declarou que Bola teria sido o responsável por executar e ocultar os restos mortais de Eliza. Policiais fizeram escavações na casa, mas nada encontraram. O mesmo adolescente chegou a afirmar que a vítima teria sido esquartejada e partes de seu corpo jogados aos cães da raça rottweiler. Sete animais foram recolhidos, mas morreram dias depois no Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte.
A partir de nova denúncia, dois dias depois, após uma varredura detalhada em um sítio em Esmeraldas, na RMBH, policiais descartam encontrar os restos mortais de Eliza Samudio no local. A propriedade era usada por Marcos Aparecido para treinamento de policiais. Até uma equipe de rapel do Corpo de Bombeiros auxiliou nas buscas.
No final do mês de julho, a informação de que um corpo teria sido encontrado carbonizado em Cachoeira Paulista, um mês antes, fez a polícia mineira solicitar um exame. Entretanto, as suspeitas de que poderia ser o corpo da ex-namorada de Bruno terminaram quando o Instituto Médico Legal atestou que era um homem. Após as investidas anteriores, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros começaram, no dia 3, nova busca, agora na Lagoa do Nado, no Bairro Itapoã, região Norte de BH.
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